Nova Favela da Catacumba? Famílias vivem próximo à área ambiental de Parque na Lagoa

Bem perto do Parque da Catacumba, considerado meio que uma "Inhotim Carioca" na Lagoa, uma nova favela parece surgir, já com nove famílias, bem na fronteira com Copacabana. E, embora os invasores daquele território supostamente protegido aleguem que residiriam há 50 anos no local, a Prefeitura não sabia da existência dos barracos até enviar uma equipe de fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima (SMAC), a pedido do DIÁRIO DO RIO. A reportagem foi provocada por queixas de moradores da Lagoa e de Copacabana encaminhadas ao jornal, e pudemos verificar que as invasões à área de Mata Atlântica são visíveis no Google Maps.

O ponto que vem sendo ocupado é bem no final da pacata e bucólica Rua Emílio Berla (que fica bem na extremidade de Copacabana), atrás de um portão que dá acesso à área arborizada, bem próxima à Rua Pompeu Loureiro, em Copacabana. Uma das casas está atualmente em obras, inclusive tendo recebido uma grande laje nova, muito provavelmente para um "aumento de gabarito" informal, agora ou no futuro.

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Mesmo presentes todos os indícios de uma construção irregular, assim como o fato de estar fora do perímetro da rua, a SMAC, que tem a vereadora licenciada Tainá de Paula (PT) à frente, alega que não há qualquer irregularidade na construção feita no meio de área ambiental, segundo informações da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS).

"A questão não é só prejudicar quem é rico. É favelizar, que representa mais destruição da Mata Atlântica, em uma área turística. É também mais território para ser dominado por tráfico no futuro, com infelizmente são as favelas da Zona Sul", opinou um morador de Copacabana, que não quis se identificar, com medo de represálias.

No passado, a região já abrigou uma imensa favela onde hoje se situa o bonito Parque, mas um incêndio destruiu mais de cem barracos da Favela da Catacumba em 2 de agosto de 1967, provocando pânico entre os moradores e desabrigando centenas de pessoas. Um ano depois, os moradores que decidiram ficar, mesmo com a opção de moradias na Zona Oeste, doadas pelo Governo do Estado na época, voltaram a se deparar com um novo incêndio. Nos anos 70, as famílias da Catacumba se mudaram para conjuntos habitacionais na Cidade de Deus, Vila Aliança e Nova Holanda, que se tornaram favelas ao longo do tempo. Então, surgiu finalmente o auspicioso e bucólico Parque da Catacumba, na área desocupada.

Em junho de 2010, 20 hectares do Parque da Catacumba e do Morro dos Cabritos foram destruídos por fogo - o equivalente a 20 campos de futebol - mas, felizmente, não afetou tanto a vegetação no local e nem deixou feridos.

Procurada pelo DDR, a assessoria da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima não respondeu ao questionamento sobre a legalidade da "nova" comunidade até o fechamento desta matéria.