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O que é e como surgiu o baile funk?

Desde 1980 os bailes de favela giram a economia nas quebradas e são pontos de cultura para jovens periféricos

22 jun 2023 - 05h00
(atualizado em 6/7/2023 às 16h40)
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Baile do Pantanal, na zona sul de São Paulo
Baile do Pantanal, na zona sul de São Paulo
Foto: Reprodução/Instagram/baile_do_pantanal_zs

Uma festa de rua, democrática, presente nas quebradas e favelas. É assim que o baile funk faz seu papel de divulgar a sonoridade da bateria eletrônica que se espalhou pelo mundo na década de 1980. Fazendo referência aos bailes black, as festas no rio foram as primeiras a ganhar destaque no Brasil. 

De acordo com o Dicionário de Favelas, centenas de equipes de som organizavam festas por toda a cidade, reunindo milhares de pessoas. A equipe mais prestigiada era a que tivesse os equipamentos de som mais potentes e as melhores músicas. 

Nos anos 1980, equipes de som como a Furacão 2000, Pipo’s, Cash Box e Soul Grandprix se consolidaram na cena e se popularizaram. Nas festas, até hoje, é comum ter o DJ, que toca o beat para animar o público, e o MC, que canta as letras estouradas nas caixas de som.

A maioria dos bailes rolava em clubes nos subúrbios da região metropolitana do Rio de Janeiro, mas também havia bailes em favelas e até mesmo em escolas públicas. Hoje, os bailes se espalharam pelas periferias e favelas brasileiras, em espaços ao ar livre.  

O cenário de um baile é por vezes caótico e aglomerado, uma verdadeira explosão cultural. Nas vielas ou ruas onde acontecem, há ambulantes vendendo bebidas e diversas caixas de som (ou carros) que trazem variados subgêneros do funk.

Com muita criatividade, a moda e a dança também são um show à parte. O passinho do funk, ou o passinho do romano, por exemplo, dominam as ruas. São danças características do universo do funk. 

Funk da Cidade de Deus

Nos anos 2000, as favelas do Rio de Janeiro foram o difusor do funk no Brasil. Uma favela foi especialmente importante neste período, a Cidade de Deus, localizada na zona oeste da cidade. De lá surgiram Tati Quebra-Barraco, Bonde do Tigrão e Bonde do Vinho.

Também foi na Cidade de Deus que o famoso tamborzão ecoou pela primeira vez. Embora não tenha sido o criador desta base rítmica, o DJ Duda foi o responsável por usar o tamborzão em diversos hits. A base marcante sintetiza a união entre os gêneros eletrônicos norte-americanos e traços da música afro-brasileira, presente nos bailes. 

Mas apesar do protagonismo, o baile da Cidade de Deus era apenas um entre centenas. O baile do Buraco Quente (na Mangueira), Borel, Turano, Fazendinha (no Complexo do Alemão), Chatuba (no Complexo da Penha), Árvore Seca (no Lins), Cantagalo, Curva do S na Rocinha, entre outros, eram alguns dos mais conhecidos. 

Na primeira década dos anos 2000 também se popularizaram as músicas que narram o universo da criminalidade, narrando as mazelas de um cotidiano violento, miséria, fome e precariedade de direitos em locais marginalizados. 

Resistência e economia

Atualmente, o funk segue sendo uma resistência em muitas camadas. É a favela falando sobre si, para os seus. Além disso, os bailes de favela geram renda que é fonte de sustento para centenas de famílias de trabalhadores, entre MCs, técnicos de som e comerciantes. 

Fonte: Visão do Corre
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