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O que líderes comunitários esperam do futuro governador de SP

Lideranças de regiões extremas relatam problemas, descasos e expectativas para a periferia na nova gestão do Estado

1 set 2022 - 17h19
(atualizado às 17h19)
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Visão da Brasilândia, periferia da zona norte de São Paulo
Visão da Brasilândia, periferia da zona norte de São Paulo
Foto: Cleber Souza/Visão do Corre

A cerca de um mês do primeiro turno das Eleições 2022, candidatos para o governo de São Paulo pouco citam as periferias em suas propostas de campanha. No entanto, em comunidades nos extremos, de norte a sul do Estado, os postulantes seguem com suas carreatas, reuniões com líderes comunitários e diversas promessas para as quebradas.

Para lideranças comunitárias, nada novo. Os moradores das periferias veem a cada dois anos essas visitas, que, após eleitas, raramente voltam, segundo a própria população periférica.

São Paulo é o Estado brasileiro com mais eleitores – 34,6 milhões, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). E lideranças apontam que é preciso mais do que uma campanha cheia de promessas para conquistar votos de eleitores em situação de vulnerabilidade em diferentes periferias. Sem laços com partidos ou padrinhos políticos, as comunidades procuram por um governador que resolva problemas recorrentes. 

O Visão do Corre conversou com líderes de diferentes comunidades, ouviu quais são os problemas, e o que os moradores esperam de quem ocupar a cadeira do Palácio dos Bandeirantes em 2023. Entre críticas e elogios, um consenso: ainda há muito a ser feito e a conta será cobrada.

É preciso um novo olhar

Gilson Rodrigues, presidente da associação de moradores de Paraisópolis e do G10 Favelas, entende que a missão do novo governador é criar, ao lado de líderes comunitários e conselhos populares, um novo olhar para as periferias. 

“Favelas não são violentas, elas estão sendo violentadas pela falta de políticas públicas, acesso à saúde, educação e infraestrutura. A favela não pode viver mais do básico, é preciso enxergar além da renda básica”, declarou Gilson.

O líder comunitário também aponta que as favelas ainda vivem num embargo econômico e que faltam recursos para que moradores que sonham em empreender e ter condições de vida melhores. 

“A população da periferia quer ter seu próprio negócio, mas falta crédito. Ninguém sonha em morar em cima de córrego, mas sim num bairro com boa infraestrutura, com acesso, mobilidade, com emprego, sem fome”, disse o presidente do G10. 

Já Márcio Costa, líder comunitário do distrito Cachoeirinha e do bairro Brasilândia, na zona norte da capital paulista, diz que há uma omissão presente na gestão pública dentro das periferias. “E quem sofre é a população. Nós, líderes da periferia, somos ignorados. Nossos pedidos não são atendidos”. 

Para Márcio, o poder público se ausenta e não tem líderes comunitários como seus parceiros. “Tem de dar as caras. Os jovens não têm lazer na periferia, falta segurança pública, e tudo isso pela ausência de quem governa”. 

O líder do lado norte também apontou que a periferia tem ido às urnas votar com um candidato já definido, mas por influência de “pessoas conhecidas”, e não pela sua necessidade. 

“Infelizmente. Falta informação. Pessoas influentes na comunidade passam uma imagem de certo candidato, e a periferia acaba seguindo. Mas que ganha é quem indica, não quem vota. É a nossa realidade”, comentou Costa. 

Líder comunitário no distrito de Capão Redondo, extremo sul da capital, Gilmar Antônio, espera mais transparência e apoio em causas sociais do novo governador. Um olhar que, segundo ele, faltou para gestões passadas.

“Ele [governador] representa o povo paulista, e isso inclui também as favelas. Que invista nas periferias, em saúde, moradia, educação. Falta política pública na periferia, esquecida pelo poder público. Não dá para lembrar da população periférica somente em época de eleição. Precisam olhar pras nossas necessidades”, falou Gilmar. 

Segundo ele, moradores de periferia são instruídos por líderes religiosos e de outros grupos e causas a votar em candidatos que desaparecem após as eleições. “A periferia, dificilmente, vota pelas suas necessidades. É uma população induzida por pastores, por familiares ou por uma pessoa influente da comunidade que possui vínculos com políticos. E nós, líderes comunitários, quem somos cobrados depois das eleições”. 

Periferia nas propostas de governo  

Entre os cinco principais postulantes e mais bem colocados nas pesquisas eleitorais para o governo de São Paulo, o termo “periferia” é apresentado apenas 12 vezes em seus planos de governo. Entre todos os candidatos, as menções à periferia foram feitas 22 vezes, enquanto favelas são citadas 10 vezes, segundo levantamento da Agência Mural. 

Para Gilson, as poucas menções à periferia nas propostas de governo de candidatos expõem a invisibilidade da periferia para os governantes que, segundo ele, negam a existência da população moradora de favela.

“Uma população que também é produtiva, que trabalha, ativa economicamente, que sustenta o Estado, e que ao invés de ser negada, deveria ser vista como solução, e não o problema. Enxergam a periferia somente em tempos de eleição. Periferia não é número. Não é direita ou esquerda. Infelizmente, as favelas não estão na pauta de governantes”, disse Rodrigues. 

Costa concorda com a análise do presidente do G10 Favelas, e ainda complementa que o diálogo entre governador e periferia nunca existiu em São Paulo. “A periferia sempre foi colocada em segundo plano. O novo governador precisa sair do escritório, não só para arrecadar votos em época eleitoral. Ele precisa entender o que as comunidade realmente precisam”. 

Gilmar considera que as poucas menções retratam o quanto a periferia é importante para os governantes. “É na periferia que tudo começa. É daqui que saem o porteiro, a doméstica, a faxineira e a babá, que trabalham e cuidam de grandes mansões e comércios em São Paulo. Deveriam valorizar ainda mais esse povo.

Ainda para o líder do Capão, a falta de investimento nos jovens de favela e a omissão da gestão pública são reflexo da imagem marginalizada da periferia. “Se investissem nos jovens de favela, teríamos mais trabalhadores e estudantes do que ladrões de celular. Mas na favela a Polícia Militar só entra para bater na cara de morador. Dói dizer isso, mas infelizmente é o que vivemos diariamente”. 

Corrida eleitoral

O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) lidera a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes com 32% das intenções de voto, de acordo com pesquisa Ipec (ex-Ibope) contratada pela TV Globo divulgada nesta terça-feira, 30. Apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem 17%, e o governador Rodrigo Garcia (PSDB), que tenta a reeleição, aparece com 10%.

Na comparação com o último levantamento (15/8), Haddad oscilou 3 pontos para cima (tinha 29%), Tarcísio cresceu 5 pontos (tinha 12%) e Garcia oscilou um ponto para cima (tinha 9). É a primeira pesquisa do instituto divulgada após o início do horário eleitoral.

Carol Vigliar (UP) tem 2%, Antonio Jorge (DC), 1%, Elvis Cezar (PDT), 1% , Altino Júnior (PSTU), 1%, Vinicius Poit (Novo), 1%, Gabriel Colombo (PCB),1% e Edson Dorta (PCO), 0%.

De acordo com o levantamento, brancos e nulos somam 15%, e 20% não souberam responder.

Fonte: Visão do Corre
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