Audiência do Massacre de Paraisópolis ouve 5 testemunhas de defesa
As testemunhas dos policiais envolvidos na ocorrência são coronéis da PM, além de um delegado da Polícia Civil da área
Em uma audiência que durou quase dez horas, cinco testemunhas foram ouvidas sobre o Massacre de Paraisópolis. Haviam sido arroladas 22 pessoas para deporem a favor dos policiais militares. Os depoentes, todos policiais e ex-policiais, disseram que a ação que resultou em nove mortes aconteceu obedecendo as normas. Repetiram também que a região é complexa para o trabalho policial, pela densidade de pessoas e o tráfico de drogas. Depoimentos retornam dia 2 de agosto.
A audiência para ouvir testemunhas de defesa dos treze policiais militares envolvidos no chamado Massacre de Paraisópolis, com nove jovens mortos, ouviu cinco pessoas, todos ex-integrantes da PM.
A audiência no Fórum Criminal da Barra Funda, em 28 de junho, durou quase dez horas. Vinte e duas testemunhas tinham sido arroladas. Elas continuarão sendo ouvidas dia 02 de agosto.
Pela manhã, como tem acontecido nas audiências sobre o Massacre de Paraisópolis, familiares das vítimas fizeram protesto diante do Fórum Criminal da Barra Funda.
Alvina Fagundes da Silva, 72 anos, avó de Marcos Paulo Oliveira dos Santos, de 16 anos, um dos mortos, não consegue dizer mais nada além de “creio que Deus vai fazer justiça”.
Audiência repete que ação foi legal
As questões dos advogados de defesa procuraram evidenciar que a responsabilidade na ação não seria somente da Polícia Militar – em grandes eventos, a prefeitura, por exemplo, tem seu papel de fiscalização.
Também questionaram as testemunham no sentido de que a investigação da Corregedoria da PM teria sido independente e tecnicamente correta, apesar da promotoria apontar a rapidez do trabalho, realizado em menos de três meses.
A defesa também provocou respostas para reafirmar que a investigação da corregedoria, paralela à da Polícia Civil, foi independente e transparente, além de tecnicamente correta.
Um dos depoimentos mais importes foi o do comandante do 16º Batalhão de Polícia Militar na época do massacre. O coronel Douglas José Ferreira de Oliveira, agora aposentado, repetiu o que disseram as quatro testemunhas anteriores: a área de Paraisópolis é “complexa”.
Isso se deve à alta concentração de pessoas e áreas sensíveis para a segurança, como o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual, que fica próximo.
Ação policial letal teria sido fatalidade
Antes de Oliveira, o comandante geral da PM em 2019, coronel Marcelo Vieira Salles, disse que houve dois momentos distintos na madrugada do massacre: quando policiais de motocicleta teriam sido atacados, e quando chegou o socorro a eles, desencadeando o corre-corre que resultou nas mortes.
Salles foi antecedido pelo delegado Emiliano da Silva Chaves Neto, da 89ª Delegacia de Polícia. Ele esteve no local do massacre na manhã de 1 de dezembro, horas depois das mortes. Disse que não encontrou elementos que ligassem o massacre à atuação policial.
Pela manhã, o coronel Marcelino Fernandes da Silva, corregedor da PM, garantiu que a apuração da conduta policial foi realizada com independência.
O primeiro a depor, coronel Fernando Alencar, disse que a área é complexa e que as operações visam, sobretudo, defender a vida das pessoas.