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Bicicletários são desafio complexo para a próxima gestão em SP

Fundamentais para mobilidade, são citados de passagem em alguns planos de governo. Entenda a complexidade do sistema

22 set 2024 - 09h29
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Resumo
Existem bicicletários gratuitos e pagos. Alguns funcionam no horário das estações, outros não. As regras para uso são diferentes e decisões envolvem concessionárias, prefeitura e estado. Ramais extrapolam a cidade de São Paulo, impondo ações coordenadas. Estima-se que 30% da demanda seja atendida.
No terminal Jardim Helena-Vila Mara, da CPTM, na zona leste, usuários penduram bicicleta na árvore por falta de vaga no bicicletário.
No terminal Jardim Helena-Vila Mara, da CPTM, na zona leste, usuários penduram bicicleta na árvore por falta de vaga no bicicletário.
Foto: Reprodução

Bicicletários são mencionados em três dos nove planos de governo de candidatas e candidatos à Prefeitura de São Paulo. Quatro propostas, apesar de prometerem expansão de ciclovias, não falam em estacionamentos de bicicletas. Dois planos sequer os mencionam.

Altino Prazeres (PSTU), Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) expressam intenção de expandir e integrar bicicletários a outros meios de transporte.

Os planos de governo de Marina Helena (Novo) e João Pimenta (PCO) não citam bicicletários e os demais candidatos, embora indiquem a importância de ciclovias e bicicletas, não preveem estacionamentos para elas.

Segundo Flávio Soares, gerente de projetos da Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo (Ciclocidade), “os bicicletários aparecem muito genericamente nos planos de governo, mas são bem diferentes nos trens, metrôs e ônibus”.

Adilson Alcântara, fundador da associação que administra o bicicletário em Mauá, da linha 10 – Turquesa. São 1.968 vagas.
Adilson Alcântara, fundador da associação que administra o bicicletário em Mauá, da linha 10 – Turquesa. São 1.968 vagas.
Foto: Jéssica Bernardo

Bicicletários nos ônibus

Todos os terminais municipais de ônibus, hidroviários e estações do Expresso Tiradentes possuem bicicletários, totalizando 2.550 vagas. Os contratos passaram a exigir que as concessionárias monitorem a demanda e façam adequações.

“Isso acontece só nos terminais com concessão, mas tinha que ser replicado em todos os meios de transporte”, acredita Daniel Guth, diretor-executivo da Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike).

Segundo ele, “a maioria são tão ruins, tão fora do padrão de operação, que acaba não atendendo. Via de regra, quando o bicicletário vive vazio, é problema do bicicletário. Muita gente usa, mas muito mais gente poderia usar”, diz Guth.

“Se tivermos uma política de bicicletários em espaços públicos e privados, o uso de bicicletas vai bombar”, diz Guth.
“Se tivermos uma política de bicicletários em espaços públicos e privados, o uso de bicicletas vai bombar”, diz Guth.
Foto: Arquivo pessoal

Bicicletários nos trens

Existem 21 bicicletários junto às estações da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), com 5.985 vagas. Eles funcionam no mesmo horário das estações, gratuitamente.

Há dois espaços administrados pela iniciativa privada, que fecham antes e abrem depois do horário das estações: em Santo André, é gratuito; em Mauá, pago.

Na zona leste, os bicicletários atingem lotação máxima, como em São Miguel Paulista e Jardim Helena-Vila Mara. Atendem paulistanos e moradores de cidades vizinhas, como Guarulhos. “Ali tem uma demanda muito evidente, precisaria aumentar”, diz Soares.

Na média, mais de 73 mil pessoas utilizaram os bicicletários por mês em 2024, com aumento de 12,3% em relação ao ano anterior. Apesar de bicicletários cheios, há estações com baixa procura, como Ceasa e Interlagos.

Nos trens, os bicicletários costumam funcionar bem em algumas estações, enquanto outras são lotadas, como na zona leste.
Nos trens, os bicicletários costumam funcionar bem em algumas estações, enquanto outras são lotadas, como na zona leste.
Foto: Divulgação

Bicicletários nos metrôs

Nas linhas sob concessão, existem 1.200 vagas e os bicicletários funcionam melhor. A reportagem entrevistou vários usuários na estação Butantã, que relataram estar satisfeitos, mas apontaram ao menos uma contradição.

Nas estações mais distantes do centro, como Vila Sônia, nas quais o trabalhador tem que chegar cedo, os bicicletários começam a funcionar uma hora e 20 minutos depois dos trens.

“O metrô é um dos maiores gargalos. Para começo de conversa, bicicletários deveriam ter o mesmo horário de funcionamento das estações”, diz Guth. O metrô fechou bicicletários sob sua responsabilidade, como na Sé.

Bicicletário da estação Butantã, na via 4 – Amarela, abre 6 horas, uma hora e vinte minutos depois da abertura da estação.
Bicicletário da estação Butantã, na via 4 – Amarela, abre 6 horas, uma hora e vinte minutos depois da abertura da estação.
Foto: Marcos Zibordi

A justificativa foi pouco uso, mas especialistas apontam falta de incentivo. “Tinha um espaço que poderia ser cinco vezes maior, não aumentava, tinha vinte vagas, nada para o metrô. Chegaram à conclusão de que não funcionava”, critica Soares.

Variedade de usos

Durante algumas horas pela manhã, na estação Butantã, a reportagem constatou a variedade de usos e necessidades do bicicletário. Antes de abrir, às 6 horas, estava quase cheio. As bicicletas foram deixadas na noite anterior por pessoas que voltam para casa de metrô ou ônibus.

Pela manhã, elas retornam de cidades como Cotia para pegar a bicicleta e chegar ao trabalho. Há estudantes e funcionários da Universidade de São Paulo (USP), que fica próxima. Alguns vão mais longe, como Rodrigo Soares, de 45 anos, comerciante na Lapa.

Uso de bicicleta mudou a vida de Rodrigo Soares. Ele usa o bicicletário da estação Butantã como parte do trajeto para Cotia.
Uso de bicicleta mudou a vida de Rodrigo Soares. Ele usa o bicicletário da estação Butantã como parte do trajeto para Cotia.
Foto: Marcos Zibordi

Ele pedala nove quilômetros para ir e a mesma distância para voltar. Usa o bicicletário há dois anos, emagreceu 45 quilos, vendeu o carro, mudou de vida. “O bicicletário é bom, seguro, gratuito, nunca tive problemas”.

O mesmo espaço é usado por José Carlos Pereira, que trabalha na USP. Sua solução de transporte, além de inusitada, dribla os limites do sistema de transporte. Ele tem duas bicicletas.

Morador do Itaim Paulista, pedala até o Jardim Romano, onde deixa a primeira “magrela”. Vem até o Butantã, pega a segunda bicicleta, que pernoitou no bicicletário, e chega até a USP, onde trabalha.

Fonte: Visão do Corre
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