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Curso de agroecologia ajuda mulher a voltar a falar no Recife

Escola pública de agroecologia e apoio psicossocial forma primeira turma de pessoas em situação de vulnerabilidade

11 nov 2024 - 11h50
(atualizado em 12/11/2024 às 15h20)
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Resumo
Capacitação de quatro meses inclui aulas teóricas e práticas de cultivo e aproveitamento de alimentos, além de produção de repelentes naturais, shampoo de quiabo e sabão com óleo reciclado, entre outros produtos. O curso atua também na melhora do estado emocional das pessoas.
Curso de agroecologia no Recife ajudou dona Helena Julia, de 79 anos, a recuperar a confiança e se comunicar novamente.
Curso de agroecologia no Recife ajudou dona Helena Julia, de 79 anos, a recuperar a confiança e se comunicar novamente.
Foto: Divulgação/PCR

Entre sorrisos, mesa farta e muitos abraços, o curso Cultiva Recife formou a primeira turma, mudando a vida de várias pessoas em situação de vulnerabilidade, sobretudo de terceira idade, como a de Helena Júlia, 79 anos.

O curso realizado no Sítio Natan Vale é a primeira escola pública de agroecologia do Recife, localizada no bairro do Cordeiro. Entre alunos e alunas, estava dona Helena. Ela passou por um trauma com a perda do marido em um acidente de avião, o que a fez perder a voz por muitos anos.

Durante o curso, foi recuperando a confiança e a capacidade de se comunicar. Ao receber o diploma, disse, esbanjando sorrisos, uma frase que poderia ser corriqueira, mas diante do trauma, é uma imensa vitória: “Eu só tenho a agradecer, muito obrigada”.

Helena Júlia, 79 anos, segura diploma do curso de agroecologia, rodeada de técnicos e professores.
Helena Júlia, 79 anos, segura diploma do curso de agroecologia, rodeada de técnicos e professores.
Foto:

Dona Valdete superou a violência doméstica

A formatura teve oficina de turbantes, colheita e entrega simbólica de diplomas, celebrando o aprendizado e o fortalecimento de um novo olhar para a terra, para a vida e para si mesmos, como aconteceu com dona Valdete Lima, 51 anos.

Aluna do curso e catadora de materiais recicláveis, ela conta que, após sofrer violência doméstica e racismo, procurou ajuda no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e foi convidada a participar do Cultiva Recife.

“Eu precisava sair de casa e aqui encontrei um ambiente acolhedor, onde me sinto útil. Sofri muita violência e racismo por ser negra, por causa do meu cabelo, e ainda lido com isso. Minha mãe também sofreu com tudo isso, mas eu decidi que minha história seria diferente, e por isso estou aqui”, contou, entre emocionada e libertada.

Valdete Lima, 51 anos, superou duas gerações de violência doméstica e mudou sua trajetória.
Valdete Lima, 51 anos, superou duas gerações de violência doméstica e mudou sua trajetória.
Foto: Divulgação/PCR

“Almocei tudo que veio da minha plantação”, diz aluno

Com duração de quatro meses, o curso abordou temas como agroecologia, soberania alimentar, plantio, ervas medicinais, plantas alimentícias não convencionais e gestão de resíduos.

O lavador de carros, Alexandre Alves, 56 anos, se encantou pelo cultivo das plantas e, frequentemente, preferia passar mais tempo no canteiro.

“Eu não entendia nada de plantas e hoje sei tudo. Planto, cultivo, colho e como. Já teve dias em que almocei tudo o que veio da minha plantação, do que veio da natureza”, afirmou Alves.

Alexandre Alves, 56 anos, na formatura do curso de agroecologia. "Planto, cultivo, colho e como", diz ele.
Alexandre Alves, 56 anos, na formatura do curso de agroecologia. "Planto, cultivo, colho e como", diz ele.
Foto: Divulgação/PCR

Aprendendo a fazer suco verde e sabão

Agatha Raquel, 19 anos, gostou muito da aula de suco verde. “Descobri que posso fazer uma bebida saudável e deliciosa usando plantas que encontro na esquina da minha casa, na rua, ou que normalmente compraria no supermercado”, relata.

As descobertas não pararam por aí. “Outra aula muito interessante foi a de sabão, reutilizando óleo usado, porque, além de nos ensinar algo novo, também deu a oportunidade não só a mim, mas a outras pessoas, de aprender a transformar isso em algo rentável”.

Nas aulas práticas, os participantes aprenderam desde técnicas de plantio e cultivo em canteiros e bandejas até o manejo do solo. Conhecem tecnologias alternativas, compostagem, uso de materiais recicláveis e a produção de repelentes naturais, shampoo de quiabo e sabão com óleo reciclado.

Primeira turma do curso Cultiva Recife, que mudou a vida de várias pessoas em situação de vulnerabilidade.
Primeira turma do curso Cultiva Recife, que mudou a vida de várias pessoas em situação de vulnerabilidade.
Foto: Divulgação/PCR

Próxima fase: aprender a empreender

Segundo Caroline Correia, bióloga, técnica agrícola e coordenadora do Sítio Natan Valle - Escola de Agroecologia, ainda haverá uma segunda etapa do curso, com oficinas focadas no empreendedorismo até o mês de dezembro.

Fonte: Visão do Corre
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