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Escritor e quadrinista de Salvador criam campanha para lançar HQ

Estados Unidos da África atingiu metade da meta de arrecadação

16 jan 2023 - 02h09
(atualizado às 02h11)
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Daniel César, o desenhista agregado ao projeto que era um livro, mas virou quadrinho com herói negro
Daniel César, o desenhista agregado ao projeto que era um livro, mas virou quadrinho com herói negro
Foto: Divulgação

O escritor Anderson Shon (34) e o quadrinista Daniel César (40), ambos moradores da periferia de Salvador, lançaram uma campanha na internet com o objetivo de editar e publicar a história em quadrinhos (HQ) Estados Unidos da África. Em processo de financiamento coletivo pelo Cartarse, a dupla precisa arrecadar em torno de R$ 25 mil reais.

A ideia começou através de um romance criado por Shon. Ao terminar de escrever um livro só com palavras, entendeu ter criado um argumento para quadrinhos. Decidiu guardar o projeto.

Inicialmente concebida em prosa, a história ganhou agora nova roupagem com a entrada do quadrinista César. Agora, é uma HQ com imagens e textos.

“Eu sempre fui nerd e viver toda uma vida sem ser representado nas narrativas que eu mais apreciava construiu em mim a vontade de criar o meu próprio herói”, conta Shon.

Enredo

A HQ conta a história de Rei Bantu, homem camaronês que ganha poderes de forma inusitada e, então, unifica o continente africano. Mas ele percebe que não dá para matar a fome com raios saindo dos olhos e, por conta disso, começa a extrapolar seus poderes.

Rei Bantu precisará lidar com o ódio e preconceito para manter a hegemonia dos Estados Unidos da África, pois negros no poder não são bem-vistos por outros governos.

A história do Rei Bantu não é apenas mais uma HQ. Ela evidencia aspectos invisibilizados ou nunca representados em histórias em quadrinhos. Apresenta temas como racismo, equidade e coloca no centro um super-herói negro.

“Um herói americano luta contra o crime e os criminosos. Mas um herói brasileiro ou de países africanos, o inimigo dele não é o ladrão da rua, o mal lá é outro, o mal é toda a construção social daquele país. O vilão não é o ladrãozinho de esquina, é o sistema”, conta o quadrinista César.

Além dos clichês

Shon e Daniel constroem um personagem falível. Ninguém tão poderoso seria tão perfeito. Essas nuances promovem reflexão muito importante para o debate sobre como o mundo é pluralizado. E de como isso é bom, apesar de muita gente ainda não ter percebido.

“Há um abismo entre negros e a naturalidade de suas existências no mundo ficcional. Infelizmente, para chegarmos no dia em que um negro não falará sobre racismo, precisaremos tocar muito no assunto e, mais que isso, combatê-lo”, diz Shon.

Segundo ele, “o Rei Bantu é o ser mais poderoso do planeta, é o criador dos Estados Unidos da África, é o homem que carregará a luta pela equidade. Esse quadrinho é a narrativa mais real dentro de uma ficção possível”.

O escritor ainda comenta a importância de produções representativas, como a do filme Pantera Negra. “Nós vimos o poder da representatividade com o filme do Pantera Negra e, de forma mega ambiciosa, queremos fazer o mesmo com Estados Unidos da África. Afinal, uma pessoa é do tamanho do seu sonho”, conclui Shon.

Serviço

Para aqueles que têm interesse em apoiar o projeto, ajudando a espalhar as palavra do Rei Bantu, a campanha estará no ar até o dia 19 de janeiro de 2023.

Link da campanha: https://www.catarse.me/estadosunidosdaafrica

ANF
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