Escritor periférico que vendeu sozinho 10 mil cópias lança livro sobre identidade
'Ao contrário dos meus outros títulos, ele é mais leve, mas tem a sonoridade que o livro merecia ter e estou muito feliz que este título faça jus à história', diz Wesley Barbosa
No novo romance "Pode me chamar de Fernando" (Ed. Numa), Wesley Barbosa, 33 anos, conta sobre como as experiências da vida podem impactar a formação de cada pessoa. A produção mostra as lembranças e desafetos do personagem Fernando.
O rapaz é criado somente pelo pai, que ao contrário do esperado, despreza o filho. Sem ter conhecido a mãe, o personagem começa a se questionar algumas coisas, inclusive o próprio nome.
"'Pode me chamar de Fernando' é um livro sobre identidade e que tem muito a ver comigo no sentido de eu não ter conhecido o meu pai. Eu queria falar sobre este buraco que fica quando não temos este tipo de referência. O título se baseia numa fala, porque o personagem também ainda está aprendendo a se reconhecer no mundo", diz Wesley.
O Estadão já contou a história de Wesley Barbosa, escritor de periferia que vendeu mais de 10 mil cópias de seus livros anteriores de forma independente.
"Ao contrário dos meus outros títulos, ele é mais leve, mas tem a sonoridade que o livro merecia ter e estou muito feliz que este título faça jus à história", ele completa.
A produção foi desenvolvida em duas semanas, em Itapecerica da Serra, cidade natal de Wesley. A escrita foi feita despretensiosamente. Ele não fazia ideia de que seria publicada por uma editora. "O bom é que o lugar foi favorável, pois eu só consigo escrever no silêncio. Prefiro o total silêncio; e, embora as minhas histórias surjam do caos da vida."
A obra está em pré-venda. E o quinto livro do autor, lançado pela editora Numa, e será a primeira produção a ser veiculada em livrarias, já que, seus outros livros foram feitas em editoras independentes.
Apesar da novidade, que deixou Wesley feliz, o escritor garante que suas outras publicações já chegam em todo território nacional, pois ele faz suas próprias vendas online por meio do Instagram.
Depois da conclusão de cada obra, o escritor relata que fica um sentimento de vazio. "Nós que escrevemos não sabemos quando virá inspiração para um novo livro. Escrever é um vício, e sempre estamos à espreita de uma palavra que possa ser o gatilho para um novo enredo, novos personagens e trama", explica.