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Irmã quer retomar ações sociais de Daleste, o “pobre loco”

Enquanto estreia série da Globoplay sobre o irmão, Carol Pellegrini doa cestas básicas e quer fundar ong comunitária

26 fev 2024 - 05h00
(atualizado às 10h00)
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Resumo
Carol Pellegrini, irmã de MC Daleste, quer retomar ações sociais realizadas pelo irmão. Ela participou de entrega de cestas básicas na comunidade Bateau Mouche com ativistas que atuaram com o funkeiro, e quer fundar uma ong.
Carol Pellegrini, irmã de MC Daleste, participa de distribuição de cestas básicas em comunidade, um dia após estreia da série sobre irmão
Carol Pellegrini, irmã de MC Daleste, participa de distribuição de cestas básicas em comunidade, um dia após estreia da série sobre irmão
Foto: Marcos Zibordi

A rua estreita, irregular, cheia de casas, fica na região do Cangaíba, zona leste de São Paulo. Apesar da chuvinha, vai juntando gente para receber 80 cestas-básicas da ong Comunidade Ativa. Eles realizaram ações sociais com Daleste e a conexão com sua irmã, Carol Pellegrini, continua. Os ativistas a aguardam para começar a distribuição.

Estamos na região onde o funkeiro nasceu e cresceu. Seu irmão, também cantor de funk, MC Pet, morou na rua de cima, onde a filha ainda reside. A quebrada é conhecida como Bateau Mouche, em referência ao barco que afundou matando 55 pessoas no Rio de Janeiro, no réveillon de 1988. “Aqui afunda na água também”, explica um morador.

Um dia depois da estreia da série MC Daleste – Mataram o Pobre Loco, e de ter dado entrevista ao Encontro com Patrícia Poeta, que a abalou, a irmã de Daleste faz questão de participar da distribuição de cestas básicas.

Ajudar a comunidade ajuda a si mesma

Carol Pellegrini se sente viva nessas ocasiões. Quando Daleste fazia sucesso, quatro comunidades eram atendidas. A irmã quer e precisa retomar essa ajuda. Ela está à frente do legado do funkeiro: atende a mídia, faz corres burocráticos, cobra a retomada das investigações policiais.

Mal tem tempo para cuidar da depressão pós-traumática profunda, segundo diagnóstico médico. Ela toma nove remédios por dia, mas hoje não tomou, apesar de, prevenida, manter a medicação na bolsa.

Antes de sua chegada, há inúmeras histórias de Daleste contadas pela rapaziada.

Distribuição de cestas básicas é organizada, com cadastro de beneficiados. Ong Comunidade Ativa funciona em adega de ativista
Distribuição de cestas básicas é organizada, com cadastro de beneficiados. Ong Comunidade Ativa funciona em adega de ativista
Foto: Marcos Zibordi

Seis mil reais em ovos de Páscoa

Os integrantes da ong Comunidade Ativa conviviam com Daleste desde 2009, antes do sucesso nacional. Eles arrecadam doações, promovem festas, descolam cadeiras de roda, colchões, móveis para quem perde tudo com as chuvas. Atendem 400 famílias.

Além das ações sociais, gravariam uma música com Daleste, mas não deu tempo. Os ativistas narram histórias do funkeiro, como o show de graça para a comunidade Portelinha, no Natal de 2009. “Ele cantou, dançou, conversou, ficou super à vontade”, conta Valter Defino.

Daleste fez a mesma coisa em quebradas da região como Jardim Danfer, Piratininga, Morro da Fé, Jaú (onde nasceu e cresceu). Para não cobrar, dava um perdido no empresário ou vinha se apresentar após os shows pagos. O mano fortalecia o corre.

Ativistas da ong Comunidade Ativa distribuem cestas básicas na região do Cangaíba, zona leste de São Paulo, região onde nasceu e viveu MC Daleste
Ativistas da ong Comunidade Ativa distribuem cestas básicas na região do Cangaíba, zona leste de São Paulo, região onde nasceu e viveu MC Daleste
Foto: Marcos Zibordi

Uma ação conhecida por todos foi a compra de R$ 6 mil em ovos de Páscoa. Segundo a irmã, “ele deu o cartão de crédito sem limite, era para comprar dez mil, mas não conseguimos trazer”.

“Sou parte de vocês, que são parte de mim”, diz irmã

Antes da distribuição de cestas básicas, há falas na porta da adega que serve de sede ao projeto social. Debaixo da chuvinha rala, Carol Pellegrini conta que a série sobre o irmão deu forças para voltar a ajudar as comunidades.

“Eu nem consegui assistir a série inteira, mexe demais comigo, só a cena do tiro já me deixa destruída. Mas vim porque eu sou parte de vocês, que são parte de mim”, falou segurando o choro.

Um garoto aparece de camiseta estampada com o rosto de Daleste. Foi feita na comunidade, distribuída entre os fãs. “Isso aqui vai resgatar minha mente. Não pensem que estou ajudando vocês, são vocês que estão me ajudando”, diz Carol Pellegrini ao microfone.

Na comunidade Bateau Mouche, zona leste de São Paulo, várias estampas foram feitas para homenagear funkeiro em camisetas
Na comunidade Bateau Mouche, zona leste de São Paulo, várias estampas foram feitas para homenagear funkeiro em camisetas
Foto: Marcos Zibordi

Para quem pensa que a família está rica, eles sequer recebem direitos autorais das músicas de MC Daleste, um rolo jurídico que ainda vai longe.

Irmã quer fundar uma ong

O sonho de Carol Pellegrini é abrir uma ong para dar continuidade às ações sociais do irmão. “Vai ter uma foto enorme dele na entrada e vai se chamar Instituto Daleste Pobre Loco da Quebrada”.

De onde saiu a expressão “pobre loco”? Veio do presídio de Itapetininga, onde havia uma cela com esse nome. Quem trouxe a frase para casa foi o ex-sogro, que tirou uns dias naquela cadeia.

Carol Pellegrini retoma trabalhos sociais nas comunidades. Ela tem certeza que o irmão estaria fazendo o mesmo
Carol Pellegrini retoma trabalhos sociais nas comunidades. Ela tem certeza que o irmão estaria fazendo o mesmo
Foto: Marcos Zibordi

Seu filho morreu há dois anos, em um acidente de moto, quando a irmã de Daleste melhorava da depressão. A ação social, legado do irmão além da música, pode ser a saída. “Não tenho outra alternativa”, resume.

Fonte: Visão do Corre
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