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Modelo da periferia de Salvador começa a brilhar na Europa

Ivana Pires, 18 anos, inspira jovens negras como ela: “Mesmo que haja um não, continue até escutar o sim”

8 mar 2023 - 14h00
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Filha de trabalhadores, vinda da periferia de Salvador, Ivana Pires, de 18 anos, inspira outras garotas negras como ela
Filha de trabalhadores, vinda da periferia de Salvador, Ivana Pires, de 18 anos, inspira outras garotas negras como ela
Foto: @serg_dnm

Mulher preta cheia de garra e fé para ir longe: é assim que a modelo Ivana Pires, de 18 anos, se define. E ela foi longe mesmo: saiu do bairro da Visgueira, periferia de Salvador, e está morando em Barcelona, na Espanha, realizando o sonho de ser modelo.

Seu projeto de vida começa quando ela consegue se enxergar na profissão, pois várias pessoas diziam que ela tinha talento para a moda. Filha de uma atendente e de um carreteiro, a modelo agarrou a ideia quando ainda tinha 14, quando fazia parte de um projeto social.

“Eu iniciei como modelo no Instituto Jovens Periféricos, através da minha prima, o que contribuiu muito nos passos da minha carreira. É um projeto onde você estuda passarela, como pousar, como se comportar em casting, trabalhos. Também pude participar de diversas atividades culturais”, conta a jovem modelo.

De garçonete a modelo

Ivana sempre mostrou a que veio. Dividida entre as atividades de moda, estudos e a necessidade de sobrevivência, trabalhava como garçonete no restaurante de sua avó, também no bairro do Imbuí. Batalhou muito até entrar na profissão que sonhava.

“Quando meu agente me solicitou para um casting, eu tinha três anos como modelo. Então tive a oportunidade de entrar na agência que toma conta da minha carreira internacional, eles me apresentam para agências internacionais e, atualmente, estou em Barcelona”, relata Ivana.

Ela mora sozinha, lidando com novas rotinas, diferente fuso horário, mas vai se adaptando. “É algo que a gente pega como aprendizado e experiência para crescer ainda mais na vida, e aqui eu tenho um Deus que, acima de tudo, me sustenta, e sim, tenho minha agência aqui”.

Porque sou baiana

Ivana conta que, até agora, tem uma rotina tranquila. Geralmente os trabalhos são bem próximos de casa, com fácil acesso. Quanto aos idiomas, intercala inglês e espanhol, e este, segundo ela, “é mais fácil porque sou baiana”, diz, sorridente.

Sendo mulher preta, é impossível não perguntar sobre momentos ou situações desconfortáveis de preconceito. “Eu nunca passei por situações da pessoa chegar diretamente a mim e realizar um ato racista, mas já notei olhares de julgamentos e até afastamentos, como também presenciei pessoas de pele negra, como eu, me elogiarem”.

Deus no comando

Ela entende que a moda nunca foi de fácil acesso para pessoas pretas. Por muitos anos, o corpo preto não foi enxergado como padrão de beleza. Nesse sentido, a jovem modelo de Salvador deixa uma mensagem, sobretudo considerando o Dia das Mulheres.

“Na vida a gente precisa ir atrás dos nossos sonhos, mesmo que haja um não. Continue até escutar o sim. Pode demorar, você vai ver pessoas que começaram depois de você voando e sua hora não chega, mas tenha certeza de que Deus está preparando o seu momento e entenda que é tudo no tempo dele, e não no nosso.” 

ANF
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