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Moradores de Paraisópolis contestam “expulsão do PCC” em obra

Primeiro Comando da Capital (PCC) teria expulsado operários de obra de canalização na comunidade, mas trabalho continua

5 set 2024 - 11h44
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Resumo
Obra começou em 2020, com previsão de entrega em 30 meses. Córrego Antonico é o principal de Paraisópolis e alaga quando chove. Moradores estão indignados com informação de que o PCC teria expulsado trabalhadores e colocado pessoas de outros locais para construir barracos e morar na área.
Máquina na obra de canalização do córrego Antonico, em Paraisópolis. Ela foi usada na demolição de casas, autorizada judicialmente.
Máquina na obra de canalização do córrego Antonico, em Paraisópolis. Ela foi usada na demolição de casas, autorizada judicialmente.
Foto: Marcos Zibordi

Moradores e lideranças comunitárias de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, contestam a informação de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) expulsou trabalhadores da obra de canalização do córrego Antonico, que atravessa a comunidade.

Além da versão dos moradores, o Visão do Corre constatou, em 04 de setembro, que a obra está acontecendo. Vinte homens trabalharam durante o dia e foram retirados 12 caminhões de madeira de barracos demolidos.

O entulho de alvenaria da demolição nas margens do córrego, autorizada judicialmente, deve começar a ser retirado em 05 de setembro, quinta-feira.

Reportagem da Folha de S. Paulo, publicada em 03 de setembro, afirmou que o PCC havia expulsado os trabalhadores de uma obra orçada em R$ 100 milhões. “Isso é mentira, falcatrua”, disse um operário da Transvias, que realiza a obra. Ele é morador de Paraisópolis.

Margens do córrego Antonico após a demolição e início da remoção do entulho em 04 de setembro de 2024.
Margens do córrego Antonico após a demolição e início da remoção do entulho em 04 de setembro de 2024.
Foto: Marcos Zibordi

Canalização é necessidade básica de saúde

A reportagem da Folha de S. Paulo citou “moradores ouvidos pela reportagem” e afirmou ter tentado contato com “lideranças de Paraisópolis”, sem sucesso. Não citou nomes.

Os líderes comunitários com quem o Visão do Corre conversou dizem não ter recebido ligação do jornal. “Precisamos rebater essa safadeza”, disse Janilton Oliveira, conhecido representante da comunidade.

Os moradores entrevistados querem a canalização do córrego Antonico. O professor de Educação Física Cláudio Fernandes, que mudou para Paraisópolis há 51 anos, diz que “desde moleque, essa obra é uma necessidade básica”.

Janilton Oliveira explica que o atraso nas obras aconteceu  pela resistência de moradores que teriam casas demolidas.
Janilton Oliveira explica que o atraso nas obras aconteceu pela resistência de moradores que teriam casas demolidas.
Foto: Marcos Zibordi

Ele conta que muita gente vai aos postos de saúde da região com doenças relacionadas ao esgoto que passa pelo córrego Antonico. “Ali é onde mais inunda, é importantíssimo fazer a obra, todo mundo da comunidade quer”.

A mãe de Jhonne Silva morava na beira do córrego Antonico, mas a casa desabou em 2022. “Quando chovia, a água chegava na altura da cama”.

Demolição autorizada judicialmente

Marcos Antônio Melo dos Santos, morador de Paraisópolis há 44 anos, membro do Conselho Gestor de Paraisópolis, participou do diálogo com moradores cujas casas seriam retiradas das margens do córrego Antonico. Ele não sabe de onde saíram as informações da Folha de S. Paulo.

“Não tem nada a ver com crime organizado, o problema foram os moradores que tinham casas e estavam brigando para ficar. A obra parou uns dias, mas retomou, foi só isso”, disse Santos.

Marcos Melo dos Santos, membro do Conselho Gestor de Paraisópolis, participou das negociações com moradores das margens do córrego Antonico.
Marcos Melo dos Santos, membro do Conselho Gestor de Paraisópolis, participou das negociações com moradores das margens do córrego Antonico.
Foto: Marcos Zibordi

Documentos obtidos pelo Visão do Corre explicam o que aconteceu. A decisão judicial sobre a demolição de casas nas margens do córrego Antonico é de 25 de junho de 2024, com “prazo máximo de 24 horas”.

Demolição e continuidade da obra

Caso a decisão não fosse cumprida, poderia haver “pena de crime de desobediência e imposição de multa”. Mas a demolição só aconteceria mais de dois meses depois.

Antes disso, em 19 de agosto de 2024, o 16º Batalhão da Polícia Militar passou a organizar a ação. Convocou bombeiros, subprefeitura, Ministério Público, entre outros representantes, para uma reunião de alinhamento em 28 de agosto.

A demolição aconteceu na semana seguinte, em 03 de setembro, no mesmo dia em que a Folha de S. Paulo publicou a reportagem “PCC expulsa empresa de Paraisópolis e coloca em risco obra de R$ 100 milhões”.

O Visão do Corre entrou em contato, via telefone e e-mail, com o caderno Cotidiano da Folha de S. Paulo, que publicou a reportagem. Também enviou mensagem no Instagram do repórter Rogério Pagnan, autor da matéria, mas não obteve resposta.

Fonte: Visão do Corre
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