O que é a exposição para a qual KondZilla convidou?
Vista por 10 mil pessoas, mostra remontada abre em 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, com salve de representante do funk
Gratuita, exposição Funk Arte & Resistência está na Funarte, região central da capital paulista, sem classificação etária. Não precisa de inscrição prévia, nem retirar ingresso. São 30 artistas.
O que quatro minas e um mano, todos pretos, estão fazendo em uma sala da Funarte, na região central da capital paulista, durante a semana que antecede o aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro?
Quem os visse entre quadros, furadeiras e escadas, responderia facilmente: montando uma exposição. Para Andreza Delgado é muito mais. Ela é uma das quatro minas na sala da Funarte, curadora da mostra Funk Arte & Resistência, a dois dias da abertura.
O perfil da KondZilla convidou para a exposição no Instagram. Andreza sabe. Ela é fundadora da PerifaCon, que montou a primeira versão da exposição no ano passado. Terminado o evento nerd periférico, ela resiste em desmontar a mostra.
Tem também o fato de que Andreza está investindo em curadoria de artes plásticas. Ela conta isso enquanto mostra alguns quadros já pendurados. São trinta artistas, algumas obras novas em relação à versão anterior, sem o cenário que levou 10 mil pessoas a vê-la.
Mas não é essa a questão. O que está em jogo, como Andreza frisa durante a conversa nos bastidores, é a resistência cultural, o funk como manifestação e estética na música, na moda, na dança e nas artes plásticas, recanto histórico de boys, sejamos sinceros.
Um exemplo visual da estética funk
No centro da exposição está a obra Regentes da Rua, do mano Douglas Paiva. Conversamos enquanto ele monta a obra em grande escala, que exige suporte fixo no chão.
Ele pintou uma chapa de compensado dos dois lados. Em um, homem preto diante do paredão de som do baile funk. Do outro lado, texto com letra estilo pichação.
Um visitante eventualmente desatento poderia deixar de perceber que, para ser favela mesmo, para o tal suporte artístico representar a quebrada, a madeira tinha que ser a mais barata, a chapa de compensado rosa.
Ela é inferior ao compensado de pinus, amarelinho, que foi muito usado, até que algum gênio do corte de custos descobriu a versão mais barata, pintada com horrível tinta rosa. Predominam em tapumes nas calçadas de prédios em construção.
Compensado rosa, sim, representa a favela. Outros tipos de chapas, inclusive uma usada por pouco tempo, de lascas prensadas de madeira, também representam. Só que menos.
Essas a outras lições de estética, arte e resistência, de graça, estarão à disposição de quem se interessar na sala da Funarte, durante dois meses. É só chegar.
Serviço
Exposição Funk Arte & Resistência
Atividade gratuita, sem necessidade de inscrição prévia
Local: Pátio do Complexo Cultural Funarte
Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos, São Paulo
Datas: De 25/01 a 25/03/2024
Recomendação etária: livre.