Onda de calor: vídeo ensina a fazer um ar-condicionado caseiro
Modelos improvisados usam ventilador acoplado a uma caixa de isopor com gelo. Há variações ainda mais simples
Suportar a crise climática na periferia pode juntar o útil ao agradável: refrescar o ambiente, reciclando materiais descartados. Soluções simples fazem a diferença. Entenda as possibilidades de construção e faça o seu.
É possível refrescar o ambiente gastando pouco ou nada, melhorando a performance do ventilador acoplado e uma caixa de isopor com gelo. É o ar-condicionado de quebrada.
O princípio das gambiarras caseiras é o mesmo do aparelho vendido em lojas: retirar o ar quente do ambiente, resfriar e devolver em baixa temperatura.
“Ensinei muito em oficinas justamente pela crise climática que a gente está vivendo na periferia. É também uma forma de reciclar e gerar renda. Tem gente que fabrica e vende”, diz Everton da Silva Oliveira, ativista ambiental atuando em quebradas da zona leste de São Paulo.
Qual é o princípio básico?
A ideia é ter um recipiente com gelo e ventilar o ar frio para fora – há modelos mais sofisticados, com mangueiras, que retiram o ar quente do ambiente e devolvem frio.
O recipiente mais indicado é uma caixa de isopor, que mantém o gelo por mais tempo. Não há tamanho específico, e ela pode ser reciclada.
Qual o tamanho da caixa?
Quanto maior a caixa, mais gelo e, consequentemente, melhor resfriamento, que depende também da capacidade do ventilador.
A caixa de isopor pode ser substituída por balde, lata, etc. “O importante é que o recipiente esteja fechado durante o uso”, explica Oliveira.
Como usar o gelo?
Dentro da caixa de isopor ou outro recipiente, será colocado o gelo. Ele pode ser depositado diretamente, ou dentro de garrafas pet, que o conservam por mais tempo, porém resfriam menos.
Não existe quantidade ideal de gelo na caixa. Depende do tamanho e da quantidade de gelo disponível, deixando espaço, também variável, para o ar circular dentro do recipiente.
Qual tipo de ventilador usar?
Qualquer ventilador pode ser usado, inclusive portátil. O vídeo desta reportagem ensina fazer ar-condicionado caseiro com pequenos ventiladores de computador, chamados “cooler”.
“No caso de usar a peça retirada do computador, precisa ter uma fonte de 19 volts para ele funcionar”, lembra Oliveira.
Como montar?
A montagem é bem simples. Faça um corte para encaixar o ventilador, que pode ficar em pé, ao lado da caixa, ou em cima – não retire a proteção do aparelho. Procure fazer o encaixe o mais justo possível.
A ideia é que o ventilador expulse o ar frio da caixa para fora. Para isso, faça quantos buracos quiser. “A tampa é fundamental para manter a parte de dentro sempre fria e direcionar o resfriamento”, explica Oliveira. Pode usar gelo solto, dentro de garrafa pet, água congelada em bacia...
Tem como fazer sem caixa?
O ar-condicionado por ser ainda mais simples, sem o uso da caixa. A desvantagem é que o gelo vira água mais rápido.
Prenda um pano (de preferência algodão, que absorve mais água) na frente do ventilador. Cuidado para não deixar pontas que possam enroscar na hélice.
Um lado fica preso às grades de proteção – pode usar prendedores, fica fácil montar e desmontar. A outra extremidade do pano fica dentro de uma bacia com gelo.
O tecido absorve a água gelada e o ventilador ligado faz o pano inflar como uma vela de navio, estufando. A vantagem deste modelo é que, dependendo do tamanho do ventilador e do tecido, o resfriamento é maior.
Outra ideia: somente com ventilador
Outra possibilidade de usar somente o ventilador é fixar garrafas pet nas laterais do motor. Mais simples ainda é deixar garrafas pet com gelo diante do ventilador ou atrás das hélices – neste caso, elas puxam o ar frio de trás e soltam na frente.
Para potencializar o resfriamento, você pode fazer furos na parte superior das garrafas e colocar pedras de gelo – pequenas são melhores.
Cuidados importantes
O principal cuidado é com o fio do ventilador. Atenção para que ele não fique em contato com a água, nem na frente das hélices. O ar-condicionado caseiro não pode se transformar em um perigo. Daí também a necessidade de manter a proteção das hélices.