Periferia não foi discutida em debate à Prefeitura de SP
Diferente do protagonismo da periferia em momentos eleitorais, no debate Terra, Estadão FAAP ela quase não foi citada
A situação confirma a mudança no cenário político contemporâneo: menos propostas, mais lacração, e muito pouca atenção aos problemas reais da maioria da população paulistana, trabalhadora e moradora das regiões periféricas.
Em três horas de debate eleitoral com candidatas e candidatos à Prefeitura de São Paulo, o tempo dedicado à periferia não somou um minuto.
Nem diante de perguntas que envolvem diretamente problemas periféricos, como transporte público e enchentes, as quebradas protagonizaram o debate.
A periferia foi citada pontualmente, mas não como tema de, sequer, uma resposta completa. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) mencionou professores de região periférica no início do debate.
José Luiz Datena (PSDB), perguntado pelo repórter do Estadão, falou vaga e rapidamente sobre tornar a periferia um território de empregos.
Pablo Marçal (PRTB) disse, durante alguns segundos, que quem ganha mais de R$ 5 mil, sai da periferia. A candidata Maria Helena (Novo) tangenciou o assunto.
Nem Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PDT), de quem, em tese, seria esperada a abordagem periférica, deram prioridade às quebradas de São Paulo.
A única favela citada, Paraisópolis, apareceu em resposta do prefeito Ricardo Nunes, que listou ações no local, e em menção de Tabata Amaral acusando político ligado a Pablo Marçal.
A candidata disse que teria havido um encontro com integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Paraisópolis.
A situação é sintomática: evidencia uma mudança na postura política, focada em lacrações e visando cortes curtos de momentos impactantes em vídeo.
Houve um tempo em que candidatos iam às periferias e falavam delas, ao menos em época de eleição. Agora, sequer as discutem.
Mas é a periferia que vai eleger a próxima ou o próximo prefeito de São Paulo, porque a população pobre é a maioria na cidade mais rica do país.
A palavra da moda para essa situação, pretensamente intelectualizada, é “disrupção”. A que o povo entende, é desprezo.