Pessoas buscam água em bica na periferia de Porto Alegre
Em nascente que não foi destruída pela chuva, há fila de duas horas para conseguir água para higiene, beber e cozinhar
Em morro da zona leste atingido pelas chuvas, mas que não teve enchente, uma nascente está abastecendo a população com água. Segundo ativista, é uma ironia: um local preservado na periferia fornecendo água para quem nunca esteve lá, prova que a preservação ambiental tem sentido.
Em nascente no Morro Santana, periferia de Porto Alegre, no ponto mais alto da cidade, a população pega água para beber, cozinhar e se higienizar. As pessoas se aglomeram no beco Souza Costa, rua de terra em lugar preservado e calmo na zona leste, agora tomada por gente com sede, carros e vasilhames.
Por volta de meio dia de 7 de maio, havia 15 veículos e uma espera de duas horas para conseguir água. No começo da tarde, chegava gente de todas as regiões de Porto Alegre. Além de carros, vinham a pé e a cavalo.
Alex Pantera conseguiu 40 litros de água, em dois recipientes. Ele e sua esposa, Cristina Medeiros, levaram a água para o Morro Bom Jesus, ao lado, onde ela preside o Centro de Educação Ambiental (CEA).
Com 28 anos de existência, o CEA é um ponto de solidariedade às vítimas das chuvas na zona leste. “Quem está atendendo a população são as organizações da sociedade civil, assim como foi na pandemia”, diz a ativista.
Segundo ela, é uma sorte e uma ironia as bicas fornecendo água em locais periféricos, no alto dos morros. As nascentes estão abastecendo quem nunca esteve nesses locais e provando que a preservação da natureza tem sentido.