Script = https://s1.trrsf.com/update-1742411713/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Sarau no BBB? Encontros poéticos transformaram as periferias

Saraus são encontros para recitar poesia surgidos no século 19 no Brasil. No século 21, foram tomados pelas periferias

19 fev 2025 - 20h28
Compartilhar
Exibir comentários
Resumo
Se vai rolar algum sarau no BBB 25, ainda não sabemos. Nas periferias paulistanas, fizeram e fazem história. Pesquisa inédita, a ser defendida na Universidade de São Paulo (USP), traz dados sobre saraus e suas coletâneas literárias.
O pioneiro Sarau da Cooperifa começou em 2001. Literatura com microfone aberto para qualquer periférico inspirado.
O pioneiro Sarau da Cooperifa começou em 2001. Literatura com microfone aberto para qualquer periférico inspirado.
Foto: Divulgação

Entre as inúmeras cenas de tédio do BBB 25, assistimos ao ator Diogo Almeida propondo, sem muita convicção, “um sarauzinho, cada um canta uma música”. Na vida real, os saraus periféricos são bem mais animados, com mais poesia do que música, e quem cola não precisa de convite.

Saraus são encontros para leitura e declamação de textos literários, especialmente poesia, regados a música, comida e bebida. A tradição foi trazida pela aristocracia portuguesa no século 19, e teve seu auge na passagem para o século 20, quando a literatura brasileira se firmava.

Eram rolês de gente chique. Mas nos primeiros anos do século 21, os saraus foram a principal manifestação literária das quebradas, descendentes diretos do rap e da cultura hip hop. Provavelmente, o ator Diogo Almeida, que sugeriu fazer um sarau no BBB 25, teve contato com algum deles.

“Os saraus foram fundamentais para a expansão e a consolidação da produção literária com a marca  das periferias”, diz Érica Peçanha.
“Os saraus foram fundamentais para a expansão e a consolidação da produção literária com a marca das periferias”, diz Érica Peçanha.
Foto: Arquivo pessoal

Érica Peçanha, antropóloga, professora do Insper e pesquisadora da produção cultural da periferia, viu a cena do BBB 25. Ela observou o ator “tendo que justificar a sugestão porque os colegas ou estranharam ou desconheciam essa atividade”. Ela gostaria que o sarau acontecesse porque “poderia contribuir para popularizar esse tipo de iniciativa”.

Quantos são, onde surgiram?

Os dois primeiros saraus periféricos de São Paulo e Região Metropolitana são Sarau da Cooperifa, de 2001, em Taboão da Serra, e Sarau do Binho, de 2004, no Campo Limpo. Segundo Érica Peçanha, “nos anos 2010, que marcou certa efervescência cultural nas periferias paulistanas, cerca de 40 saraus eram realizados nas diferentes regiões da cidade”.

“O sarau periférico é uma tecnologia ancestral e contemporânea de encontros. Não é por inventar algo de novo, mas por usar a oralidade e a escrita em espaços onde a palavra não tinha esse chão, nem esse altar”, diz o editor e escritor Nivaldo Brito.

Nivaldo Brito, escritor, editor e pesquisador, mapeou as coletâneas literárias lançadas por saraus nas periferias paulistanas.
Nivaldo Brito, escritor, editor e pesquisador, mapeou as coletâneas literárias lançadas por saraus nas periferias paulistanas.
Foto: Arquivo pessoal

A pesquisa de mestrado de Brito na USP, ainda inédita, mapeou coletâneas literárias lançadas por saraus de periferias paulistanas. Ele juntou 66 obras, de 24 saraus, com 53.950 exemplares publicados. “Via de regra, os saraus que existem se tornaram itinerantes. Tudo o que está ativo, se move”, diz Brito.

Segundo Érica Peçanha, “há menos saraus realizados regularmente nas periferias”, mas “o mais importante é que os projetos estético, pedagógico e político dos saraus, assim como as carreiras individuais forjadas nesses encontros, continuam vivos”.

Fonte: Visão do Corre
Compartilhar
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se
Publicidade
Seu Terra












Publicidade