Projetos de música nas favelas do Rio impulsionam talentos
Aulas gratuitas de música promovem a cidadania e apresentam novas possibilidades para moradores da periferia
A Escola de Música Favela Brass é responsável por mais de 100 alunos na comunidade Pereira da Silva, em Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro. O projeto, que teve início em 2014, ensina instrumentos de sopro, percussão, e um repertório típico das fanfarras e blocos de rua, passando pelos sambas e marchinhas, chegando ao funk carioca e ao jazz.
A ideia partiu de Tom Ashe, um britânico apaixonado por música brasileira que chegou ao país em 2008 para passar seis meses e fazer uma imersão musical no Rio. Há oito anos, Tom se mudou para a comunidade Pereira da Silva, onde resolveu ensinar às crianças e aos jovens locais os instrumentos de sopro. O britânico percebeu que o alto custo desse aprendizado afastava esse público.
Os instrumentos utilizados são doações e vêm dos Estados Unidos e de países da Europa. Os alunos já fazem apresentações públicas, inclusive com músicos estrangeiros. Uma das performances mais emblemáticas foi, sem dúvidas, a das Olimpíadas de 2016.
Já a Orquestra Maré do Amanhã, criada em 2010, foi uma iniciativa do maestro Carlos Eduardo Prazeres. O projeto começou com 24 alunos no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e hoje ensina música clássica para cerca de 4 mil crianças matriculadas nos 23 Espaços de Desenvolvimento Infantil (EDIs) da localidade.
A música foi a ferramenta que Carlos Eduardo encontrou para virar a página da violência após seu pai, o Maestro Armando Prazeres, ser assassinado na mesma região, em 1999.
Esses e outros projetos que levam música para as favelas têm como objetivo fazer com que seus alunos enxerguem além das expectativas que tinham até então, tirando o foco de onde eles estão inseridos e transferindo-os para um outro universo: o da arte e da cultura que proporcionam a chance de vislumbrar além do horizonte da comunidade.