4 falácias contra o veganismo que você provavelmente acredita
Sempre que falamos sobre qualquer assunto, é normal termos uma visão particular que muitas vezes é equivocada e sem embasamento.
Esses dias estávamos numa viagem com amigos, começamos a debater de forma saudável sobre veganismo, libertação animal, exploração e uso de animais, entre uma série de outros assuntos que envolviam o veganismo.
Estávamos defendendo que vivemos numa sociedade especista, que utilizamos os animais de forma totalmente desrespeitosa, defendendo que o veganismo (libertação animal, consciência ecológica e autonomia alimentar) é o caminho mais adequado para uma sociedade mais justa, ética e coerente.
Do outro lado, com muito respeito, nossos amigos defendiam que matar animais é normal, que comer carne deve ser um direito e que as pessoas devem comer, outros defendiam que animais são comidas e apenas isso. Questionavam questões simples, e em alguns momentos, todos eles usaram pelo menos uma falácia como argumento e temos certeza que você já ouviu algumas delas e achou que faz sentido.
''Mas… se todo mundo virar vegano agora, os animais vão invadir as cidades, andaríamos tropeçando em bois, vacas e porcos, seria um caos, pois são dezenas de animais em fazendas, abatedouros e granjas.''
Concordamos que se o mundo virar vegano da noite para o dia, iria ser um caos, mas nenhuma sociedade se tornará vegana da noite para o dia, tudo é um processo. A transição é gradual, ao longo do tempo o veganismo vai crescendo e as pessoas vão entendendo a importância de não usar animais como produtos.
Com o aumento da consciência perante o consumo de origem animal, menos animais vão sendo criados, os rebanhos vão diminuindo, e assim por diante.
Só temos bilhões de vacas, porcos, galinhas e bois no mundo, porque temos muita demanda e uma indústria que se beneficia disso. As fêmeas na indústria não engravidam quando estão no pasto e por acaso encontram um macho. Para se ter uma quantidade enorme de animais confinados é necessário inseminar artificialmente e controlar a reprodução (não é um processo natural ou inevitável).
A indústria animal não se baseia em processos naturais, é tudo industrial, mecânico e forçado, pois os interesses são apenas econômicos e não éticos.
''A carne é um alimento necessário, e justamente por isso comer animais é normal.'’
Sabemos que isso não é verdade. Hoje, nós podemos tranquilamente ter uma alimentação baseada em vegetais, e ter uma saúde impecável. Essa ideia da necessidade de carne é cultural, e utilizada também para comercializar produtos de origem animal.
Essa afirmação é tão equivocada que com apenas uma concha de feijão podemos substituir um pedaço de carne. A troca da carne no nosso prato não é nenhum pouco fora da realidade. O grupo dos feijões, com o tradicional feijão-carioca, feijão-preto, lentilha, o grão-de-bico, entre outros, são grãos muito nutritivos e muito ricos em proteína e ferro, em quantidade suficiente para suprir a ausência das carnes.
Sabemos que não é apenas substituir um pedaço de carne por feijão e pronto, entendemos a questão simbólica e cultural da carne e tudo o que ela representa (principalmente em um país tão desigual e injusto quanto o Brasil). Isso foi só para mostrar que é simples e possível.
''A carne foi importante para o desenvolvimento do cérebro humano, se não fosse a carne não teríamos se desenvolvido.''
A carne ter desempenhado um papel importante na evolução humana, não nos dá o álibi para tratar eles da forma que tratamos hoje, e muito menos justificar o nosso atual consumo e produção.
Com a variedade de alimentos disponíveis em diversas regiões do planeta atualmente, não faz sentido continuar reproduzindo esse hábito.
Atualmente a carne não se faz necessária, sobretudo nesse sistema de exploração desenfreado, responsável por boa parte da destruição ambiental e com uma produção industrial que ignora as necessidades mais básicas dos seres vivos que ali são tratados como máquinas.
''O ser humano está no topo da cadeia alimentar.''
Essa afirmação é falsa. Segundo a equipe de pesquisadores do Ifremer/Instituto, o ser humano se situa, na verdade, no mesmo nível da anchova, e está muito longe de um urso polar, um leão ou uma orca, por exemplo. A principal autora do estudo, Sylvain Bonhommeau afirma que o homem não é o superpredador que costumamos apresentar, ao menos em termos de alimentação. Podemos nos chamar de ''super-consumidores'', fica mais adequado.
Na mesma viagem que estávamos debatendo a forma em que tratamos os animais, fomos até uma área verde e tinha alguns bovinos, um dos caras que estava defendendo que somos o topo da cadeia alimentar, saiu correndo de um boi, foi uma coincidência bastante simbólica.
Sem a tecnologia, abatedouros, granjas e fazendas industriais, os animais jamais estariam na posição que estão hoje.