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Coletivo: ser vegano é pensar para além de si mesmo

O veganismo, apesar de beneficiar os seres humanos e ter resultados positivos para a existência humana, não é sobre pessoas, não é sobre nós

11 dez 2023 - 05h00
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Foto: CanvaPro

O veganismo é um movimento composto por pessoas que estão pensando para além de si mesmas. Porque escolher não consumir produtos de origem animal, não participar de atividades que envolvam exploração de outras espécies, diz mais sobre a nossa capacidade empática e compassiva de se relacionar com o mundo à nossa volta, do que com uma iluminação ou satisfação individual e pessoal.

Vivemos em uma sociedade que exalta o individualismo, as conquistas pessoais. Porém, somos uma das espécies mais empáticas do planeta, que possui grande capacidade de se colocar no lugar dos outros, sem necessariamente estar passando pela situação.

E essa nossa capacidade de se colocar no lugar do outro, explica porque só no Brasil existem mais de 7 milhões de pessoas que não consomem produtos de origem animal.

Existem centenas de dietas e estilo de vida que visam o aperfeiçoamento do corpo, da mente, emagrecimento, o ganho de massa, o bom funcionamento do organismo, entre outras coisas que se limitam apenas ao indivíduo. Não significa que sejam boas ou ruins, esse não é o ponto.

Em contrapartida, o que move pessoas a se tornarem veganas, é a profunda preocupação com o sofrimento, exploração e morte de animais não humanos. A maioria dos veganos decide não mais consumir produtos de origem animal, não por um ganho pessoal, mas coletivo, que inclui animais de outras espécies.

Para a obtenção de produtos de origem animal é necessário o confinamento, a inseminação artificial, choques elétricos, esquartejamento e abate de animais.

Não tem como produzir carne, leite, ovos e derivados de forma ética e humanizada, porque essa atividade envolve seres vivos que não tem a opção de fugir, mas são condicionados a uma vida infeliz com a morte precoce.

Além disso, estudos já apontam que o consumo de origem animal tem um impacto gigantesco no meio ambiente, que implica em uma série de problemas para diversas populações vulneráveis no mundo todo.

Alguns desses impactos são o desperdício de recursos, a poluição do solo, da água e do ar, enchentes, deslizamentos de terra, eventos extremos, entre outros.

A educação moderna nos educa para o mercado de trabalho, com uma perspectiva competitiva, individualista e completamente voltada para nossos ganhos pessoais. Dentro dessa concepção educacional, a empatia e a compaixão não são viáveis.

O sistema vigente não ensina ou incentiva a capacidade de olhar para o outro, para o mundo à nossa volta, e muito menos nos instrui ou capacita para nos engajamos em causas que estão para além da nossa vida. 

Infere-se, portanto, que não é justo considerar o veganismo como um causa individualista, pois embora uma alimentação saudável traga ganhos incríveis para a nossa saúde, o veganismo é uma causa que está olhando para além de nossos próprios benefícios. 

Pensar coletivamente não significa pensar somente na espécie humana enquanto coletivo, mas em todas que compartilham esse planeta com nós.

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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