Comprar animais é uma prática ultrapassada e desnecessária
Adotar é a forma mais correta de ter animais em casa, até porque nenhum ser vivo deve ser tratado como objeto ou coisa.
Andando pelas ruas de qualquer cidade, seja grande ou pequena, nos deparamos com animais abandonados, em situações deploráveis. É no mínimo lamentável e triste se deparar com isso o tempo todo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente no Brasil, cerca de 30 milhões de animais estão abandonados, sendo aproximadamente 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos.
A maioria dos abrigos que resgatam animais estão superlotados e sem condições de praticar mais resgates (ainda mais devido à pandemia). Protetoras e protetores de animais estão sobrecarregados, cansados e endividados, limitando a proteção de animais. O cenário dos animais de rua é um desastre e a situação dos protetores é lastimável.
Mesmo com esse cenário de completo abandono e descaso, a comercialização de pets no Brasil cresce a cada ano, o que é um contrassenso. Milhares de pessoas que poderiam adotar e proteger esses milhões de animais abandonados ou resgatados, preferem comprar e pagar fortunas em animais ‘’de marca’’, animais com um certo padrão de tamanho, tipo de pelo, cor e estilo, animais criados para serem agradáveis aos humanos.
É possível notar em todas as classes, mas essencialmente na classe média e alta, uma necessidade em possuir um cachorro ou um gato de raça. A obtenção desses pets é considerado um artigo de luxo, como uma joia, puro status. Essa ânsia em ter um animal comprado e a necessidade em exibir um pet caro e ''elegante'', resulta em dor e sofrimento a diversos animais abandonados e expostos ao frio, chuva, fome e desamparo.
Porém, os animais de rua não são os únicos que sofrem com esse mercado. Talvez você não saiba, mas os animais comercializados (animais de raça), foram pensados e desenvolvidos pelos seres humanos, visando uma certa estética para agradar os gostos dos animais humanos.
Outro fator importante, que muita gente não sabe: em sua grande maioria os animais de ‘’raça pura’’ desenvolvem mais facilmente doenças, sofrem com problemas respiratórios e problemas oculares.
Os pugs, por exemplo, sofrem constantemente com problemas oculares e, principalmente, com problemas respiratórios, resultado do cruzamento entre o Lo-sze, o Pequinês e o Lion Dog.
Os Buldogues e os Shih tzu também sofrem com problemas respiratórios. O que explica isso são os cruzamentos realizados com o intuito de desenvolver ‘’raça pura’’, e acaba resultando em uma série de anomalias genéticas que influenciam negativamente a saúde dos animais.
Essas três raças aqui expostas são consideradas braquicefálicas, ou seja, animais com o focinho achatado. As raças braquicefálicas são raças que estão constantemente relacionadas a problemas oculares e respiratórios por conta de suas características anatômicas. A palavra ‘braquicefálica’ é originada da junção de ‘’brachys’’ que vem do grego ‘’curta distância’’ e cefálico ‘’cabeça’’.
Além disso, muitos pet-shops que vendem animais, mantém uma produção e gestação totalmente anormal, o que é completamente prejudicial às fêmeas que são forçadas a parir de maneira frequente. Não há respeito pelos cachorros e gatos, é só uma mercadoria que precisa gerar lucro para quem vende, e proporcionar status e bem-estar para quem compra.
A compra de animais e toda essa economia voltada para os pets de luxo é ruim em todos os sentidos, tanto para os considerados ‘’vira-lata’’, quanto para esses animais de ‘’raça pura’’. Os animais não devem ser tratados como mercadoria, como moeda de troca, não é nada ético lucrar com a venda de um ser vivo.
Pega a visão:
Além do apoio do poder público, das prefeituras, governos e parlamentares, a castração, a vacinação e adoção são as melhores formas de reduzir o número de animais nas ruas ou em situação de maus-tratos. Cabe a nós refletirmos e tomarmos consciência de que quando adotamos ou desejamos ter um animal sob nossa tutela, é preciso considerá-lo como um ser vivo, não como um brinquedo ou algo apenas para nos satisfazer.