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Debater alimentação de qualidade na periferia é uma urgência 

O povo pobre quando não está passando fome, está se alimentando muito mal. E a responsabilidade não é do indivíduo.

6 dez 2023 - 11h14
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Foto: CanvaPro

O povo periférico se encontra entre a fome e a má nutrição, ou morre por um, ou morre por outro. A má nutrição inclui a subnutrição, deficiências de micronutrientes, sobrepeso e obesidade. 

A população, sobretudo pobre e periférica, fica refém desse sistema alimentar, que tem como pilar a distribuição desigual de alimentos e o fomento da péssima alimentação. São interesses em jogo, e quem perde é o povo.

Conforme o relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 70,3 milhões de pessoas estavam em estado de insegurança alimentar moderada, em 2022.

Conforme a ONU, a fome no Brasil atinge cerca de 21 milhões de brasileiros. Ou seja, são 21 milhões de pessoas que não comem. Esses dados são preocupantes, pois o Brasil tinha saído do mapa da fome em 2014.

Por outro lado, pesquisadores da USP, por meio de cruzamento de dados fornecidos pelo IBGE, concluíram que, 57 mil pessoas morrem anualmente por conta do consumo de produtos ultraprocessados, isso representa 155 mortes diárias pelo consumo desses produtos e 10,5% de todas as mortes precoces de adultos entre 30 e 69 anos no Brasil.

A falta de atenção e cuidado por parte do poder público para com os mais pobres, nos últimos anos, é um dos motivos da situação em que estamos. O mundo produz uma quantidade suficiente de alimentos, mas a má distribuição impede que o acesso seja pleno por parte de todos os humanos.

O Brasil é um dos principais países produtores de alimentos, mas os dados de fome e insegurança alimentar são alarmantes. Assim, torna-se evidente, a existência de um descompasso.

A má distribuição tem relação direta com o sistema econômico vigente, no qual a comida se tornou uma mercadoria. Só acessa quem pode comprar, mas o sistema não impede que todos tenham acesso.

O poder de compra, por sua vez, se conecta intrinsecamente com a sociedade de classe, caracterizada por forte desigualdade social e regional.

Quando a população consegue acessar produtos alimentícios, em sua maioria, não é produtos in natura (vegetais), mas sim, produtos ultraprocessados.

Assim, o consumo de ultraprocessados é elevado. Boa parte desse consumo vem de um forte estímulo publicitário.

A indústria alimentícia gasta muito dinheiro com marketing, pois seus responsáveis, dotados de conhecimentos e tecnologia, sabem o quão importante é controlar, seduzir e estimular o consumo da população.

Ao falar sobre produtos ultraprocessados, não podemos deixar de mencionar o caráter viciante desses produtos, o preço baixo e a praticidade. 

A utilização de químicos, açúcar, sal, aditivos e outros, age diretamente no cérebro dos consumidores, que ficam viciados e dependentes. Associado a isso, a praticidade e rapidez, é outro fator que aumenta o consumo. 

Além disso, a existência de pântanos e desertos alimentares, devem ser responsabilizados diretamente. 

Pântanos alimentares são caracterizados pela presença de estabelecimentos com abundância de produtos ultraprocessados e pela ausência de estabelecimentos que oferecem comida de verdade.

Os desertos alimentares, por outro lado, são locais onde o acesso a alimentos saudáveis é praticamente impossível. Tanto os pântanos quanto os desertos alimentares estão presentes nas periferias e bairros pobres das grandes cidades. 

Ações para combater a fome e a má nutrição, envolve agentes públicos, empresas privadas e estilo de vida. 

É preciso ações regulatórias e fiscais para regular a publicidade e a tributação seletiva, ou ao menos sem redução de impostos, dos produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente são caminhos a perseguir, sugere.

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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