PUBLICIDADE

Entenda: as diferentes formas de praticar o veganismo

O veganismo tem um propósito único, mas as vertentes se diferem na forma de lutar por esse propósito.

17 nov 2022 - 05h00
Compartilhar
Exibir comentários
O veganismo é um movimento que luta contra a exploração de animais, mas não apenas.
O veganismo é um movimento que luta contra a exploração de animais, mas não apenas.
Foto: Vegano Periférico

Já sabemos até aqui que o movimento vegano tem como principal objetivo acabar com a exploração animal, buscando conscientizar as pessoas em relação à forma pela qual tratamos os animais e o quão importante e necessário é ter um respeito mútuo por todos os seres.

Essa causa é fundamental no que diz respeito aos direitos animais, mas é importante dizer que ela não é homogênea, não existe apenas uma forma de defender esses direitos. Assim como em qualquer outro movimento político, cada vertente busca propagar o veganismo da forma que lhe pareça mais adequada, utilizando estratégias muitas vezes distintas por um mesmo ideal.

Veganismo Popular

Nós dois fazemos parte de uma vertente do veganismo, que é recente, e convenhamos chamar de veganismo popular. Evitamos fazer o uso de palavras estrangeiras, procurando sempre utilizar como forma de comunicação o uso de palavras em português. Na nossa abordagem colocamos como protagonistas pautas sociais como a desigualdade, o racismo, a fome, o abandono do estado, a falta de moradia, e a crise climática (que afeta principalmente os mais desfavorecidos), entre outros. Mesmo sabendo a importancia das mudanças individuais, entendemos que há um equivoco ao culpabilizar indivíduos da sociedade civil pelos danos causados por grandes corporações.

De modo geral, o veganismo popular condena a crueldade animal, tendo como base o contexto que estamos inseridos, não ignorando a realidade socioeconômica do país, a importância cultural de cada população (compreendendo o que os produtos de origem animal significam para as pessoas, por exemplo).

Além disso, essa vertente busca enaltecer a importância da agricultura familiar, e da comida de verdade, e a importância de se alimentar de forma menos prejudicial à saúde, tendo em vista que o nosso povo ou morre de fome, ou pelo que come.

Dessa forma, buscamos responsabilizar o Estado e o setor privado, e exigimos políticas públicas e mudanças estruturais, tornando o debate ainda mais político, fora de uma narrativa meramente individualista. E por extensão lutamos contra as políticas do agronegócio, tendo em vista a justiça ecológica e social.

Veganismo de mercado

O veganismo de mercado tem sua ação focada nas mudanças de hábitos, e não coloca as questões sociais como prioridade. Por exemplo, na perspectiva do veganismo de mercado, quanto mais opções de ultraprocessados veganos nas gôndolas dos supermercados, maiores são as chances das pessoas se tornarem veganas, utilizando assim a lógica capitalista do consumismo como estratégia. 

Para o veganismo de mercado, produtos sem nada de origem animal em grandes redes de fast food é um avanço.

O uso do inglês e outras palavras estrangeiras são amplamente utilizadas em suas ações, ignorando completamente que apenas 5% da população brasileira tem uma segunda língua.

Feiras, eventos e atividades realizadas na perspectiva do veganismo de mercado, são geralmente realizadas em regiões distantes das periferias ou favelas, com uma estética naturista gourmetizada com preços supervalorizados. Se tratando de política institucional, pro veganismo de mercado não faz diferença se é um candidato de extrema-direita ou um democrata no poder.

Veganismo animalista

Alguns veganos e veganas não se envolvem com questões sociais, focam apenas em animais e também não são militantes que usam os processados e industrializados veganos como forma de popularizar o veganismo. 

Normalmente essas pessoas são mais animalistas, e existem diversos animalistas politizados, é claro, mas a maioria foca apenas nos animais não humanos, sejam eles pets ou animais utilizados como produtos na indústria da carne. Animalistas se envolvem 100% em questões animais.

Pega a visão:

O mais importante é entendermos que dentro de uma sociedade com muitos habitantes, com uma troca cultural muito rica e, sobretudo, dentro de um sistema desigual, haverá diferenças na forma de pensar e agir, e no veganismo não é diferente.

É importante diferenciar as abordagens e as estratégias utilizadas por cada movimento, porque senão vira tudo uma coisa só e essa confusão atrapalha o entendimento popular e gera preconceitos. 

Esse aqui é apenas um resumo de algumas formas de propagar o veganismo. 

Existem pessoas do veganismo de mercado que se preocupam com a questão social, como existem pessoas do veganismo popular que estão alheias às questões sociais. Exceções existem em todas as partes. As incoerências fazem parte da natureza humana.

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade