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Entenda por que é uma falácia dizer que plantas sentem dor

Plantas não sentem dor como seres humanos e os demais animais, nem nada semelhante a isso.

2 mai 2023 - 05h00
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Foto: CanvaPro

Falar sobre o sofrimento de plantas, que elas sentem dor e são capazes de sofrer, chega ser cômico. Na real, não deveríamos estar falando sobre isso, há outros assuntos muito mais importantes e fundamentais. Mas é praticamente impossível fugir desse assunto. Toda vez que estamos em um debate, a pessoa solta: ‘’mas planta também sente dor, e aí, você vai continuar comendo vegetais e deixar mesmo de comer carne?’’

Você já deve ter escutado ou já deve ter dito que plantas sentem dor e, justifica o seu consumo de carne com base neste argumento, aliás, não tem muito o que fazer mesmo.

Há muito tempo, eu estava com a minha mãe e com um amigo dela, e eu escutei ele dizendo pra ela assim: ''tentei ser vegetariano por compaixão com os animais, mas descobri que quando arrancamos um pé alface, ele também sofre''.

Na época, não dei muita moral para esse comentário, mas ao longo dos anos, ele sempre me vinha à memória e mesmo adolescente, sem informação aquilo não parecia fazer muito sentido, e sempre que eu pensava nesse comentário, eu ficava tentando imaginar como um pé de alface podia sentir alguma coisa.

A dor é uma sensação que se manifesta quando algo de errado ocorre em nosso organismo por meio de estímulos enviados pelos nervos ao cérebro e esse, por sua vez, envia os estímulos ao córtex motor para que este libere alguma reação. A reação liderada pelo córtex motor é enviada para o local da dor por meio dos nervos, e todo esse complexo processo necessita de um cérebro.

Foto: CanvaPro

Plantas não possuem cérebro, e ao contrário dos animais humanos e não humanos, plantas não têm nociceptores, que são neurônios sensoriais responsáveis por enviar sinais ao sistema nervoso central que causam a percepção da dor, ou seja, é impossível uma planta sentir dor.

Mesmo que isso fosse verdade, para evitarmos o sofrimento das plantas deveríamos parar de comer animais, e passaria a comer somente vegetais, em termos de impacto é menos sofrimento. Animais de criação consomem toneladas de plantas para serem transformados em carne, leite e ovos.

Ou seja, partindo do pressuposto que as plantas sentem dor, se a gente come um pedaço da carne ou derivados desse animal, estamos contribuindo não só com o sofrimento animal, mas também com o sofrimento das plantas. Percebe que o discurso é completamente descolado da realidade, e da ciência e não tem nenhuma base. É um argumento completamente infundado. Porém, é muito utilizado para justificar um consumo que gera muita dor e sofrimento em animais sencientes que possuem cérebro e são capazes de sentir tudo que nós humanos sentimos.

Foto: CanvaPro

Mas se mesmo assim você estiver muito preocupado com o sofrimento de todos os seres vivos, incluindo as folhas, plantas e alfaces, o melhor caminho é o veganismo. Porque você parando de consumir carne, você vai evitar muito sofrimento.

Por exemplo, quando vaza petróleo no oceano, você vê isso pela televisão e você pode pensar: ‘’ah, olha o tanto de petróleo que vazou no mar, por isso que não faz o menor sentido eu deixar de jogar litros e litros de óleo na pia da minha cozinha’’. Percebe que não faz o menor sentido esse argumento? O ideal é tentar contribuir para não gerar mais impacto, e não o contrário.

Mas não tem argumento contra esse argumento, porque ele por si só é pura falácia. Plantas não sangram, não são sencientes, não sentem dor e comparar animais humanos e não humanos com os vegetais, é algo completamente deturpado e sem sentido.

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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