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Não é preciso largar a cerveja ou o vinho ao se tornar vegano

Do contrário do que muitos pensam, o veganismo não é uma dieta restritiva e muito menos cheia de regras e imposições.

17 nov 2023 - 11h01
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A maioria dos vinhos e cervejas não contém ingredientes de origem animal
A maioria dos vinhos e cervejas não contém ingredientes de origem animal
Foto: CanvaPro

O veganismo não promove uma alimentação restritiva, muito menos a exclusão do consumo de produtos tão comuns à nossa cultura, como as bebidas alcoólicas. Muitas vezes já ouvimos equívocos básicos em relação ao veganismo, inclusive, de pessoas engajadas politicamente, com formação acadêmica e até ativistas ambientais.

Com o crescimento do veganismo no mundo todo, surgem dúvidas atrás de dúvidas em relação a esse movimento, e em sua grande maioria, as informações são equivocadas ou mal assimiladas.

Quando se trata de bebidas alcoólicas, a maioria delas não contém ingredientes de origem animal. O vinho, por exemplo, é a fermentação de uvas, a cerveja é um processo de fermentação da cevada, do milho ou do trigo.

A cachaça é um processo de fermentação e destilação do melaço proveniente da cana-de-açúcar. A vodca é um destilado que pode ser obtido a partir de qualquer do arroz, cereais, mas é mais comum a batata.

Dentro do movimento vegano existe uma variedade de pessoas, com estilos de vida diversos. A única coisa que difere um alimento vegano de um tradicional é a inserção de ingredientes de origem animal. E sim, existem bebidas alcoólicas como vinhos e cervejas que contém ingredientes de origem animal na produção.

Em relação à cerveja, as consideradas ''verdadeiras cervejas'', que são tradicionalmente inglesas, são normalmente clarificadas com cola de peixe (‘’isinglass’’). Mas a maioria das cervejas não leva ingredientes de origem animal. 

Além disso, o único ingrediente de origem animal que pode ser considerado de origem animal, em cervejas mais comuns, é o E471. Os mono e diglicéridos de ácidos graxos E471 podem ser compostos de óleos vegetais como o óleo de coco e o óleo de palma, mas também de resíduos de animais de abate, como chifres, cascos e gordura. 

Mas a maioria das bebidas comercializadas no Brasil, não levam esses ingredientes em sua composição.

Alguns vinhos, contém produtos de origem animal em sua composição ou processo de produção, como no refinamento. Produtos como sangue de animais para clarificar a bebida, medula óssea, gelatina de tutano, tendões e ligamentos de boi, albumina de ovos, óleo e bexiga de peixe, etc.

Mas a boa notícia é que diversos fabricantes de vinhos já abandonaram essas práticas que utilizam animais na produção, e atualmente, existem diversas marcas de vinhos e cervejas no mercado que não contém nada de origem animal, seja na composição ou no processo.

Em termos de moralidade de consumo de álcool, isso não cabe ao movimento determinar, pois a decisão de consumir álcool ou não, seja lá por qual razão, espiritual, familiar, política, é de cada indivíduo. 

No entanto, diversos estudos apontam os malefícios do consumo de álcool, os problemas acarretados por esse hábito. 

O consumo de álcool na nossa sociedade é comum e impacta diretamente na vida de milhões de famílias. Mas a decisão de consumir, cabe a cada um, e a opção de não consumir nada de origem animal e se tornar vegano, nunca vai ser empecilho para isso.

Em síntese, podemos ser veganos, lutar pelos direitos dos animais, ser completamente engajados no que diz respeito à alimentação saudável, e consumir cerveja, vinho ou outras bebidas alcoólicas, desde que não contenha produtos de origem animal. 

Ou seja, é possível tomar uma gelada e brindar uma boa taça de vinho sem que animais sejam explorados para isso.

Se liga: 

Beba com moderação. Se beber não dirija. 

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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