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Nutricídio: a importância dos nutrientes que estamos ingerindo

São tantos produtos criados diariamente, que ficou difícil saber o que é saudável e o que não é, é difícil saber o que estamos comendo hoje.

28 jun 2023 - 11h26
(atualizado às 11h27)
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Foto: CanvaPro

Não vamos ignorar o fato de que, existe uma onda de pessoas que pregam uma alimentação saudável e está completamente deslocada da realidade, propagando hábitos completamente absurdos e distante do que significa se alimentar e se nutrir. 

Principalmente pessoas que cresceram em regiões privilegiadas, e desconhecem a realidade da maioria, desconhecem os lados e os morros das cidades.

Alimentação também é afeto, sempre foi e deve ser um momento prazeroso, que precisa ser aproveitado ao máximo, e não encarado apenas como ingestão de nutrientes.

No entanto, o mundo mudou completamente, e a produção de alimentos se modificou dramaticamente, hoje, produtos ultraprocessados, carregados de químicos, açúcar, gordura e sal estão presentes em abundância na mesa do povo brasileiro. Um estudo recente mostrou que 30% das crianças brasileiras estão com colesterol alto, e sabe por que estão com colesterol alto? Por que os pais desconhecem o que estão ingerindo, e consequentemente desconhecem o que estão dando para seus filhos ingerirem. E eles são as vítimas dessa situação.

O consumo de ultraprocessados vem aumentando a cada ano, na última década houve um aumento médio de 5,5%, segundo a Revista de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), feito pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP). O núcleo é responsável pelo Guia Alimentar para a População Brasileira.

Diversas pesquisas da área da saúde concluem que o consumo de ultraprocessados aumenta em 26% o risco de obesidade. Além disso, eleva o risco de sobrepeso e de aumento da circunferência abdominal elevada de 23% a 34%, de síndrome metabólica em 79%, de dislipidemia em 102%, de doenças cardiovasculares em 29% a 34% e da mortalidade por todas as causas em 25%.

Os números são alarmantes e cada vez mais presentes na nossa vida, é só olhar a nossa volta. No entanto, não podemos ignorar que uma refeição é um momento de prazer e cada cultura tem o seu ritual antes, durante e depois das refeições. É claro que não podemos encarar uma refeição apenas como ingestão de calorias, nutrientes, minerais, entre outras coisas, e que isso nos distancia dos alimentos cada vez mais.

Porém, é de extrema importância hoje, sabermos o que estamos ingerindo, principalmente pobres e periféricos, que estão sofrendo com o nutricídio pelas beiradas e ladeiras das cidades brasileiras. Esses números afetam principalmente as pessoas menos favorecidas, e justamente por isso a alimentação saudável não pode ser um debate elitista.

Pega a visão:

É claro que não podemos generalizar e dizer que todo mundo tem que ''alguma coisa'', não! Mas o povo brasileiro precisa encarar esse debate e entender que se a Covid-19 foi tão devastadora em curto espaço de tempo, uma péssima alimentação tem o mesmo potencial a longo prazo, e afeta muito mais pessoas pro resto da vida. A única vacina contra essa epidemia é a consciência alimentar. 

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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