Organização Vegana muda a definição de veganismo
A palavra veganismo surgiu na Inglaterra e sua definição oficial foi cunhada pela The Vegan Society
A definição de veganismo mudou, o que é muito importante, pois isso significa que o movimento não está parado no tempo, mas sim acompanhando os debates e necessidades atuais. O veganismo tem como premissa básica a libertação animal, o fim da sistematização da exploração de animais em vários âmbitos.
Antes a definição oficial de veganismo era a seguinte: "o veganismo é uma filosofia e um estilo de vida que busca excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade com animais para alimentação, vestuário ou qualquer outro propósito." Essa sempre foi a definição oficial cunhada pela The Vegan Society.
A definição segue: "dos veganos junk food aos veganos crudívoros - e todos mais entre eles - há uma versão do veganismo para todos os gostos. No entanto, uma coisa que todos nós temos em comum é uma dieta baseada em vegetais, livre de todos os alimentos de origem animal, como: carne, laticínios, ovos e mel, bem como produtos como o couro e qualquer produto testado em animais.''
Entretanto, semana passada a organização mudou a definição. Antes de comentar as mudanças, vou colocar a atualização: "veganismo é uma filosofia e modo de vida que procura excluir - tanto quanto possível e praticável - todas as formas de exploração e crueldade contra animais para alimentação, vestuário ou qualquer outro propósito; e, por extensão, promove o desenvolvimento e uso de alternativas sem origem animal em benefício dos animais, dos seres humanos e do meio ambiente. Em termos dietéticos, denota a prática de dispensar todos os produtos derivados total ou parcialmente de animais.''
Mas o que de fato mudou? Por que mudou? Para responder essas duas questões, precisamos compreender que a primeira definição falava apenas dos animais, e segundo, o veganismo se tornou mais amplo, e atualmente considera uma série de questões que estão relacionadas a criação, comercialização e consumo de animais.
Quando o termo antigo foi criado, a ideia era se diferenciar do vegetarianismo, que considerava apenas abolir o consumo animal na alimentação. O veganismo, diferente do vegetarianismo, transcende a alimentação, e aborda outras formas de exploração animal.
Atualmente, com a nova descrição, podemos dizer que ela se tornou ainda mais ampla. Além de abordar como central a questão da luta pelos direitos animais, essa nova definição inclui o meio ambiente e benefícios humanos.
E incluir o por extensão o meio ambiente, é importante, porque a pecuária é a principal responsável pelo desmatamento no mundo, ver a Amazônia e o Cerrado. Além disso, a produção de carne e leite está entre as principais atividades em termos de emissão de gases do efeito estufa. E é por extensão, porque o veganismo tem como ponto de partida e objetivo central, a libertação animal.
Em termos de benefícios humanos foi muito assertivo em diversos sentidos. Primeiro, que os veganos eram considerados pessoas que não se importavam com questões humanas, que privilegiavam animais em detrimento de humanos. Então ter benefícios humanos na definição oficial é muito representativo. Os benefícios mencionados, por sua vez, dizem respeito ao bem que traz a alimentação sem nada de origem animal e repleta de vegetais.
A alimentação onívora, derivada de animais, embutidos e colesterol, com baixíssimo consumo de frutas, legumes e vegetais, é péssima para a saúde humana. Então, além de não contribuir com a exploração animal, estar visando o fim da devastação ambiental, uma sociedade vegana é benéfica para a saúde pública.
É importante também o veganismo abordar pautas de justiça social, pois não dá para lutar somente contra a exploração animal e ignorar a realidade desigual em todos os níveis em que estamos inseridos. Por isso, propomos, um veganismo com recortes de classe e alinhado com outros movimentos sociais.