Rapper quer ser porta-voz de tema que hip hop não aborda
Para Rincón Sapiência, passou da hora da alimentação saudável estar entre as principais questões da periferia
O rapper Rincón Sapiência foi vegetariano, deixou de ser, mas mantém alimentação equilibrada. Ele tem produzido conteúdo nas redes sociais sobre comida saudável e quer “fazer uma comunicação horizontal”, ou seja, da quebrada para a quebrada.
-qecol23pacdw.jpg "Rincón Sapiência no Mercado de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. Comida certa é uma questão periférica.")
O rapper Rincón Sapiência, da zona leste de São Paulo, começa o dia consumindo uma proteína, frango desfiado ou carne moída, sempre cozidas. A proteína é acompanhada de cuscuz ou algum preparo com farinha de milho branca.
No almoço, repete o cardápio, incluindo salada e legume cozido. “Não é nada que não esteja na possibilidade de consumo de geral”, diz.
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De tarde, vem a fruta. Mas como ele não é radical, cultiva o hábito de comer farofa de amendoim e mel. “Não sei se é muito saudável, acredito que é mais saudável do que comer uma bolacha recheada”.
Rincón Sapiência procura jantar o mais cedo possível. Essa rotina, que ele considera equilibrada sem ser radical, o levou a considerar que a alimentação saudável é um tema fundamental a ser tratado pelos representantes da cultura hip hop.
“O fato de eu trabalhar com música, com comunicação, fez com que eu abraçasse ser comunicador dessa pauta, do meu jeito, e acho que tem funcionado”.
O rapper tem produzido conteúdos nas redes sociais sobre alimentação saudável nas quebradas e conversou com o Visão do Corre sobre o que anda comendo e pensando.
Como falar de alimentação saudável para a periferia de maneira realista?
Está muito mais relacionado à educação do que à parte financeira. A propaganda faz a educação alimentar da população de baixa renda. Ela acaba acreditando em nuggets, hamburguer, que aquele lugar de fast food é incrível. Na verdade, o alimento que supre a gente é o alimento do dia a dia, legumes, frutas, carne para quem come.
É um problema das escolas?
Está muito relacionado a educação. No meu tempo de escola, consumi salsicha em lata, algo do tipo. Se a escola promovesse o hábito da alimentação saudável, ajudaria muito.
O consumo de ultraprocessados é grande nas periferias.
O que me pega é a falta de informação, estar consumindo um ultraprocessado de peito de peru e, pelo fato de ser peito de peru, você associar a um lanche saudável, sendo que não é: tem alto índice calórico, de gordura.
Essa associação acontece muito com sucos.
A pessoa consumir um suco de caixinha, que tem a textura muito parecida com suco de manga natural, e achar que é natural. Mas é cheio de açúcar, de processo químico. A falta de informação é o que pega a população de baixa renda.
Como se sente consumindo alimentos saudáveis?
Eu passo por um momento que consegui reajustar o estado físico, favorece o lado mental e economizo. Sou um artista, o importante é o que a gente tem como essência. Aí eu começo ver os tipos de problemas que surgem com pessoas que têm a minha idade, próximo dos quarenta anos, e começo a identificar que tudo está relacionado à alimentação.
Você é muito disciplinado?
Não sou extremamente regular e disciplinado, mas ó o ponto que eu me organizei, já vejo os resultados, e mexe com tudo, com minhas relações, arte, trabalho, otimização de tempo. E tudo isso são coisas que a periferia precisa.
