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Se você acha o veganismo elitista, esse artigo é para você

O movimento vegano é muito associado à elite, a um estilo de vida caro, mas isso está mudando e está se tornando muito mais popular.

17 out 2022 - 16h51
(atualizado às 20h09)
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Foto: CanvaPro

O movimento vegano ainda está no imaginário da população como algo caro, fora da realidade, e voltado para uma classe média, o famoso ‘’esse negócio de veganismo é coisa de rico, coisa de quem tem condições, não para nós aqui da periferia’’.

A imagem do veganismo ainda é muito associada às artistas e aos programas culinários que preparam comidas com ingredientes que só encontramos em outros países. O imaginário coletivo tem muito a imagem de um veganismo de blogueira rica, em praias paradisíacas. É como se o veganismo fosse apenas um estilo de vida para pessoas especiais, e não é nada disso.

Muitas dessas blogueiras, atrizes, nem são veganas realmente, apenas tentam passar uma imagem positiva para seus fãs. 

O significado de ser elitista é bem simples, é algo destinado e reproduzido apenas por uma classe, e isso tem vários motivos: a desigualdade que impede o acesso pleno a todos, e a informação que não é acessada de forma igualitária.

E para algo se tornar elitista é preciso considerar a sociedade que estamos inseridos e como a gente enxerga ‘’as coisas de pobre e coisas de rico’’. 

Numa sociedade na qual as populações mais pobres não conseguem acesso ao básico, atualmente, ter a opção de escolher o que comer e comprar já é algo de certa forma elitista, escolher o que comer está elitizado por uma questão política e socioeconômica. O que é um absurdo, pois as populações deveriam ter acesso pleno, e isso é papel do Estado, de políticas públicas e de uma melhor distribuição de renda.

O veganismo estava muito elitizado, era como se fosse um grupo de consumo específico, com uma linguagem estrangeirizada, uma defesa dos direitos animais sem se preocupar com questões sociais, tudo muito voltado para a aparência.

Foto: CanvaPro

No entanto, atualmente temos um movimento de veganismo popular, que está mostrando que é possível ser de periferia, favelas e ser vegano ou vegana, que o movimento é importante para o fim da exploração animal e não deve ser apropriado apenas por uma classe. 

Nós que somos da periferia, vamos sim lutar pelos direitos dos animais, mas faremos isso considerando a nossa condição social, portanto lutaremos pelos direitos dos animais e por direitos sociais na mesma medida. Pois sabemos que sem isso será impossível qualquer mudança na estrutura de exploração.

Vamos sempre propagar o movimento da forma que acreditamos ser a mais correta e popular. Dialogando de forma direta, falando na nossa língua, sem jargão e sem estrangeirismo.

Propagamos uma alimentação com base em comida de verdade, da horta comunitária, da agricultura familiar, alinhada com movimentos sociais que lutam contra a fome e sempre com respeito e compreensão.

Tentamos ao máximo mostrar que falar de veganismo e mudanças de hábitos para a periferia não é como ocorre na classe média/alta, pois aqui na periferia temos um código e uma cultura completamente diferente, que precisa ser respeitada sempre.

A conclusão é que o veganismo atualmente está se popularizando e chegando em muitos lugares, para além das bolhas de classes mais abastadas. 

Felizmente, a mídia começou a dar mais espaço para veganos mais populares, e isso é fundamental para a construção de um movimento sólido, em defesa dos animais, do meio ambiente e da soberania alimentar. 

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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