'Seaspiracy': um documentário sobre a pesca predatória
O documentário é sensacional, aborda questões que não estamos acostumados a ver na mídia, nos telejornais. Vale cada minuto.
Seaspiracy é um documentário lançado em 2021, e tem como proposta mostrar as contradições presentes na indústria pesqueira. O filme retrata a realidade de pessoas que trabalham para essa indústria em alto mar, mostra como a poluição por redes são milhões de vezes mais poluentes que os canudinhos de plásticos.
Além disso, mostra como as empresas com selos de ‘’produto verde’’, ou seja, produtos éticos e sustentáveis, apenas utilizam dessa premissa para ganhar mercado e lucrar.
Quando compramos qualquer tipo de produto de origem animal, não é hábito de nós brasileiros, nos preocuparmos com o que estamos financiando e consumindo. Tipo, com a vida dos animais que estão mortos e precificados. Não temos essa consciência, e sistematicamente não somos estimulados a ter.
Apenas vamos ao supermercado, ou à peixaria, e compramos o que precisamos para servir de mistura, voltamos para casa e cozinhamos, sem nenhum tipo de reflexão.
Documentários como "Seaspiracy" são importantes justamente por isso, pois eles têm a capacidade, mesmo que de forma superficial muitas vezes, de mostrar uma parte da realidade que não vemos no cotidiano.
As mídias de modo geral são pagas por publicidades para fazer totalmente o contrário, para nos estimular a consumir e comprar sem questionar a origem e impactos do que estamos consumindo.
Em termos da culinária especista (alimentação baseada em animais), somos estimulados culturalmente a comer carne (incluindo os peixes, claro), tomar leite, consumir ovos, mel e derivados. Isso ocorre porque nós humanos nos sentimos superiores aos animais e nos sentimos no direito de explorá-los (especismo).
O documentário é carregado de informações, super dinâmico e traz uma visão ampla da realidade da pesca predatória. Empresas de peixes enlatados pagam por selos sustentáveis, para esconder seus impactos e ganhar mercado. O documentários aborda essa questão de maneira muito inteligente.
O documentário vem com uma proposta interessante, mostra como é importante a gente enxergar a realidade dessa indústria. Mas nós temos algo a acrescentar, não é uma crítica, mas um acréscimo.
No final do filme, o Tabrizi, responsável pelo documentário, traz como solução apenas a abolição do consumo de animais marinhos por indivíduos. E qual é o problema?
A mudança individual, por meio da conscientização em relação a devastação de ambientes marinhos e florestais, é o ponto de partida. Porém, isso não basta. É preciso alinhar mudanças individuais e lutar no âmbito político, estrutural e sistêmico.
Se tornar vegano é o primeiro passo, que está dentro das nossas possibilidades, mas precisamos ampliar o debate e não reduzir uma luta que é estrutural a um estilo de vida. É extremamente relevante para tornar o debate mais coerente, realista, científico e aprofundado.
Se liga:
Assista o documentário com um olhar crítico, não aceita de imediato suas colocações, questione, busque outras fontes, mas entenda que a proposta é genuína e o conteúdo é riquíssimo.