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Um veganismo periférico, brasileiro, prático e descomplicado

O veganismo está se tornando cada dia mais popular e mais acessível, e na prática esse hábito se prova mais simples do que parece.

7 out 2022 - 13h11
(atualizado em 10/10/2022 às 10h42)
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Foto: Vegano Periférico

Esqueça tudo o que você sabe sobre esse veganismo glamouroso, essas fotos bem produzidas de blogueiros e todo esse misticismo sobre o movimento vegano. Isso não representa o veganismo que está crescendo no Brasil.

O veganismo popular não ignora a realidade brasileira e é prático. É super possível ser vegano sem comer nozes, macadâmia ou comidas que nunca tivemos contato.

O tradicional arroz com feijão cumpre a função de qualquer alimento mais sofisticado. Precisamos pensar que o básico é suficiente e funcional, mas se a pessoa quiser comer hambúrgueres, queijos ou qualquer alimento vegano mais refinado, não tem problema nenhum também. Esse não é, e não pode ser o fator decisivo para que a pessoa se torne vegana.

Deixamos os alimentos e produtos de origem animal de lado por uma questão ética, e totalmente com os pés no chão, vivendo em uma periferia como trabalhadores e entendendo a importância de consumir o que estava ao nosso alcance, e não ficar nos lamentando por não ter esses alimentos dos perfis do Instagram na nossa mesa.

No dia a dia, comemos arroz, feijão, macarrão, couve, berinjela e batata assada, saladas de todos os tipos, tomate, alface, rúcula, beterraba, cenoura e absolutamente todos os alimentos do reino vegetal disponíveis no Brasil, que é o país mais biodiverso do mundo. 

Não comemos cogumelos diariamente, não temos acesso a tofu, castanhas ou industrializados veganos na quebrada, não encontramos frutas exóticas nos mercadinhos e varejão. Isso também serve para produtos de limpeza, higiene e cosméticos não testados em animais, usamos o que conseguimos comprar e não o que vendem como ideal.

Recentemente, estávamos em uma cidade do interior de São Paulo, que não tinha nenhum restaurante vegano ou vegetariano, e as pessoas que estavam com a gente iam pedir uma pizza para jantar. Naquela hora, pensamos ''e agora?''. Não demorou muito e tivemos a ideia de ligar na pizzaria e perguntar se a massa produzida por eles não continha ovos, manteiga, banha ou leite. De forma educada e respeitosa, falei com a funcionária da pizzaria por WhatsApp e ela disse que a massa de pizza tradicional de fato não continha ingredientes de origem animal. Perguntei se era possível tirar o queijo e montar uma pizza vegana, e de pronto ela me respondeu que sim e que ainda tirariam o parmesão da borda (algo que eu nem tinha me ligado). 

Se não fosse possível neste estabelecimento, com certeza teríamos ligado em outro e feito a mesma proposta. A pizza chegou, nós comemos e vida que segue, sem animais no prato e com a barriga cheia. 

A princípio parece mais difícil do que é, mas em qualquer situação com uma boa conversa é possível se virar. Além de tudo, quando você tira alguns alimentos de origem animal, o preço pode ficar mais barato.

A maioria das pessoas que começa a pesquisar sobre veganismo tem um primeiro contato que elas com um movimento mais elitista e midiático, e logo acreditam que é um estilo de vida complicado e totalmente fora da sua realidade,  mas a vivência e a prática diária provam o oposto.

Se liga:

Comece gradualmente. Experimente abandonar carnes, leite, ovos e derivados em alguns dias da semana e se adaptar a uma nova realidade. Você pode se surpreender.

Não existe uma regra, cada indivíduo tem uma experiência única e complexa, vai no seu ritmo, mas não se acomode.

Não pense que você precisa fazer substituições mirabolantes. 

Você não precisa comer todos os vegetais. Se tem alguns que você não gosta, tá tudo bem.

Ter receio do que comer, ficar um pouco perdido no começo e achar que não consegue é normal. Há 7 anos passamos por tudo isso.

Vegano Periférico Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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