Você sabe quais os problemas que existem por trás da carne?
Por mais que o consumo de carne pareça algo inocente, a carne carrega em si uma série de questões que precisam ser debatidas e questionadas.
Comer carne parece uma ideia muito natural, normal e até considerado por algumas pessoas como uma necessidade humana, no entanto, isso além de não ser verdade, esse consumo está relacionado a diversos problemas que vão desde o sofrimento animal, até a destruição do meio ambiente e saúde.
A carne animal é muito presente no nosso imaginário, ela carrega um simbolismo muito forte, e é até difícil imaginar uma vida sem carne. Mas como já foi dito aqui na nossa coluna diversas vezes, esse produto é bem mais acessado por quem pode pagar, porque vivemos num país que a fome assola o nosso povo.
A carne está presente na nossa cultura como um objeto valioso, e isso torna ela ainda mais atraente. Não é à toa que o churrasco é visto como uma comemoração tão importante. Além disso, é difícil debater o consumo de carne num país com tanta desigualdade.
Por isso, somos a favor das pessoas terem acesso para consumir o que elas quiserem, e mudar seus hábitos com base na informação, como, por exemplo, sabendo tudo que existe por trás de um pedaço de carne e seus impactos.
Entender o papel da carne na cultura é uma coisa, mas glorificar esse consumo, sem trazer à tona suas problemáticas, é outra. Na nossa casa a carne sempre foi vista como ascensão social, como um artigo de luxo. Aprendemos que ter carne na mesa é sinônimo de ter o que comer, e que ''legumes, vegetais, isso é comida de pobre''.
Essa ideia de que ter comida na mesa é só quando tem carne, é equivocada e precisa ser questionada, pois não é novidade todo impacto negativo que esse consumo causa.
Só no Brasil, a pecuária é responsável pela maior parte do desmatamento. Atividades como pastagem, monocultura de soja e também a criação intensiva de animais, contribuem de maneira expressiva para o desmatamento. Por exemplo, cerca de 80% das terras desmatadas se encontram em pastagens.
Aproximadamente 79% da soja plantada no mundo é destinada à pecuária, para alimentar animais na indústria da carne. Se engana quem pensa que essa soja vai para os seres humanos.
Para produzir apenas 1 kg de carne, são gastos mais de 15.000 litros de água. Sem contar que a pecuária contribui em cerca de 18% da produção de Gases do Efeito Estufa emitidos no mundo. Ou seja, a pecuária é péssima para o meio ambiente.
Em relação à saúde humana, o consumo de carne está relacionado a diversas doenças, como as cardiovasculares, diabete, câncer, aumento do colesterol, hipertensão, entre diversas outras.
O povo periférico e regiões mais pobres sempre sofrem as maiores consequências de uma péssima alimentação. Sofrem tanto pela fome, quanto por um alto consumo de gordura/colesterol. Diversos estudos apontam que consumir carnes, sobretudo vermelha, é extremamente prejudicial à saúde.
Um estudo recente publicado no periódico BMJ Global Health analisou 14 itens de carne vermelha e seis de carne processada e coletou dados de 154 países e mostram resultados que os aumentos globais no comércio de carne vermelha e processada contribuíram para o aumento abrupto de doenças não transmissíveis relacionadas à dieta.
Além da questão ambiental e de saúde, precisamos olhar para os animais, os que mais sofrem com essa produção e comercialização. Quando a gente coloca um pedaço de bife no prato, estamos colocando um animal que foi aprisionado, maltratado e morto. É um sofrimento sem precedentes. Os animais merecem respeito e devem ter seus direitos garantidos.
Para que esses problemas sejam resolvidos, é preciso sermos muito realistas. Primeiro que não é só as pessoas parando de consumir que as coisas vão mudar, é preciso um trabalho conjunto, que envolva a sociedade civil, o Estado, as empresas e que comecemos a nos mobilizar e entender que esse consumo além de ultrapassado, vai nos levar a um péssimo futuro.
Precisamos fazer a nossa parte no dia a dia, evitando consumir animais, buscando a diminuição e o fim desse consumo, mas jamais ignorar a importância de fazer uma luta coletiva e buscar mudanças estruturais e políticas.