Após viajar 20 horas, dançarino de 9 anos é aprovado em escola de balé

Morador da Cidade de Deus viaja com a professora do Rio de Janeiro a Joinville e passa na seletiva do Bolshoi no Brasil

20 out 2024 - 12h56

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Resumo
Escola de dança realizou seleção nacional em sua única unidade fora da Rússia, localizada em Joinville (SC), com participação de crianças de todo o Brasil. Família de Rhael Nicolas Guimarães Simon, de 9 anos, fez vaquinha e vendeu doces no semáforo para bancar a viagem.

Rhael é o primeiro da fila. Operação policial na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, atrasou a viagem a Joinville.
Foto: Vanderleia Macalossi

Entre as quatrocentas crianças que participaram da seleção nacional da Escola de Teatro Bolshoi no Brasil, está Rhael Nicolas Guimarães Simon, de 9 anos, morador da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.

A Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, única fora da Rússia, ensina o método de uma das mais respeitadas instituições de dança do mundo. Rhael queria e conseguiu a bolsa integral.

Para ir a Joinville, familiares e amigos organizaram uma vaquinha, venderam doces no semáforo e contaram com a ajuda do projeto social Valéria Martins, na Cidade de Deus, onde Rhael faz aulas de balé.

Rhael e a professora Ana Alice Galvão embarcam no Rio de Janeiro para vinte horas de viagem até Joinville (SC).
Foto: Arquivo pessoal

Na quinta-feira, 17 de outubro, o dançarino e sua professora deveriam pegar o ônibus para Joinville às 7 horas da manhã. Mas uma operação policial na comunidade dificultou a saída.

Ele e a professora Ana Alice Galvão conseguiram sair quatro horas depois e fizeram uma viagem de 20 horas até Joinville.

“Eu gostei da seleção no Bolshoi, as pessoas são muito legais. Eu quero ser um grande bailarino, me apresentar em milhões de países e acho que o Bolshoi vai me ajudar. Assim, eu também vou ajudar a minha família”, explica Rhael.

Giovanna também fez o corre

A candidata Giovanna Simão Mundim, de 10 anos, natural de Paracatu (MG), participou da primeira etapa em Brasília, e seus pais não mediram esforços para levá-la a Joinville e realizar o sonho da menina.

“No começo dos testes eu estava um pouco nervosa, mas depois fui me acalmando. Conheci pessoas novas e o Bolshoi é uma escola linda. O balé, para mim, é a minha vida, eu só sei dançar”, disse a pequena bailarina, que foi aprovada entre as vinte vagas femininas.

Giovanna Simão Mundim, de 10 anos, de Paracatu (MG), uma das vinte aprovadas na seletiva do Bolshoi no Brasil.
Foto: Vanderleia Macalossi

A seletiva inclui testes que analisaram postura, estrutura física, habilidades motoras, frequência cardíaca e respiratória, além de força, musculatura e articulações.

Também acontecem testes de habilidades técnicas e artísticas, musicalidade, flexibilidade, projeção cênica e desempenho intelectual.

Junto com Rhael e Giovanna entraram alunas e alunos de periferias do Brasil inteiro, de Manaus (AM) a Campo Grande (MS), de Planaltina (DF) a João Pessoa (PB).

Bolshoi no Brasil

Nesta 25ª seleção nacional realizada pelo Bolshoi no Brasil, candidatos de 17 estados estiveram em Joinville para disputar uma das quarenta vagas oferecidas pela instituição.

Até chegar a Joinville, mais de 3 mil candidatos participaram das pré-seletivas, alcançando o índice de 77 por vaga.

Na etapa final, que ocorreu no penúltimo final de semana de outubro, 400 crianças participaram.

A quantidade de meninas e meninos concorrendo às 40 vagas é altíssima: em média, são 77 para cada bolsa integral.
Foto: Nilson Bastian

Os aprovados são agora bolsistas integrais e recebem, entre outros benefícios, alimentação, transporte, uniformes, figurinos, assistência social, médica e odontológica, além do ensino técnico da dança.