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Artistas periféricos de Recife fazem turnê em países africanos

Os cantores pernambucanos negros Valdi Afonjah e Isaar fazem apresentações na África do Sul e em Moçambique

2 nov 2022 - 05h00
(atualizado em 3/11/2022 às 11h12)
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Valdi Afonjah e Isaar estão em turnê na África
Valdi Afonjah e Isaar estão em turnê na África
Foto: Divulgação

O Projeto Afonjah e Isaar na África é uma iniciativa inédita que leva à África do Sul e Moçambique dois grandes artistas negros pernambucanos: o cantor e compositor Valdi Afonjah, do bairro da Mustardinha, e a cantora, compositora e instrumentista Isaar, moradora de Jardim São Paulo, ambos na zona oeste de Recife.

A turnê “Afonjah e Isaar na África" teve início no dia 25 de outubro e segue até 10 de novembro.

A agenda do projeto, teve inicio nos dias 27 e 30 de outubro, com a gravação de um clipe no bairro de Soweto, local onde moravam o casal Mandela e o bispo Desmom Tuto, arcebispo da Igreja Anglicana consagrado com o Prêmio Nobel da Paz em 1984, que lutaram, juntos, contra o Apartheid. A direção do clipe é da cineasta Erlânia Nascimento juntamente com o diretor Afonso Oliveira.

Na segunda-feira (31), a equipe do projeto, formada por 12 pessoas, desembarca em Maputo, capital de Moçambique, lá, serão realizadas uma série de atividades no Museu Mafalala, espaço dedicado à memória e cultura local, onde Afonjah e Issar se reúnem para gravação de um documentário, uma troca de saberes e aproximação cultural. Destaque para participação especial das mulheres do Tufo da Mafalala e da artista Rodhalia Silvestre, cantora de ritmos urbanos contemporâneos que tocam o Jazz, Neo Soul, Reggae e Pop, mantendo uma forte identidade e influência africana. Haverá também o encontro com Rapper Kloro, dono do estilo Hip Hop como forma de expressão.

Dando continuidade ao intercâmbio cultural, nos dias 05 e 06 de novembro, os artistas, vão participar do Festival Mafalala, evento global afro, com incentivo da União Europeia, que acontece há 13 anos, realizado pela ONG Iverca, no Museu Mafalala. No dia 08 é a vez da gravação dos shows de Kloro e do Tufo da Mafalala, para a edição híbrida do Festival Canavial 2022, prevista para acontecer em novembro, na região da Mata Norte de Pernambuco.

Animada com a iniciativa, a artista Isaar explica o que significa essa experiência internacional. “Ver com meus olhos a África em minha frente é muito mais do que a força ancestral de minha linhagem familiar. Imagino rever a linhagem de uma sociedade inteira”, contou.

Quem também está com o coração para lá de acelerado e cheio de expectativas é Valdi Afonjah. “Ir para África é uma reconexão com a minha essência. E poder estar em Maputo e Moçambique é um sonho que eu queria poder transformar em realidade. Encontrar e tocar com minhas irmãs e irmãos, como do Tufo da Mafalala, Rhodália Silvestre, Ngalanga Machaka e Kloro, será muito marcante” afirma com rosto alegre.

Para Andréa Lima, produtora cultural e coordenadora executiva, por meio da Caboclo Produções, que vêm desenvolvendo trabalho com artistas negros de Pernambuco há mais de 10 anos, o projeto  “Afonjah e Isaar na África", é uma trabalho importante para nossa história. “Está sendo muito importante contribuir para essa experiência. É uma ação para ressignificar nosso passado, construir um presente e um futuro alinhado às novas ideias, lutas e conquistas de novas gerações”, disse, emocionada.

De acordo com Afonso Oliveira, co-autor do projeto, a ideia da turnê nasceu de forma muito genuína, mas com vistas à união de propósitos e talentos. “Era uma sexta-feira à tarde de 2019, mais precisamente no estúdio de Buguinha Dub, no Carmo, em Olinda. Eu cheguei com Afonjah e passados alguns minutos a campainha tocou. De repente, entra Isaar com seu jeito simples, forte e de imensa ancestralidade. Escutamos um trecho da música “Oxumarévocê”, que foi lançada recentemente. Quando os dois começaram a esquentar as vozes, a imagem daqueles dois artistas negros incríveis, com trajetórias de muitas lutas para serem reconhecidos, me remeteu imediatamente à África. Mais precisamente na favela de Mafalala, Maputo, capital de Moçambique. Aquele estúdio poderia ser lá. Assim começou a nossa viagem para chegar na África em 2022”, relembra.

Para além da turnê, toda a trajetória do projeto ‘Isaar e Afonjah na África’ será registrada em vídeos e fotografias, para um futuro documentário. Trechos da turnê serão disponibilizados via Youtube e nas redes sociais. A realização da turnê conta com incentivo do Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura e Governo de Pernambuco.

ANF
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