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Ator Aílton Graça está a um Carnaval de levar sua escola ao topo

Comentarista dos desfiles de Carnaval transmitidos pela Globo, ator assumiu a Lavapés em 2019. E não parou mais de ganhar

21 fev 2025 - 17h01
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Resumo
A Sociedade Recreativa Beneficente e Esportiva Lavapés Pirata Negro, a Lavapés, fundada em 1937, é a mais antiga escola de samba em atividade em São Paulo. Se ficar em primeiro ou segundo lugar no Carnaval deste ano, sobe de divisão e passa a disputar títulos na Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP).
Ator Aílton Graça, presidente da Lavapés Pirata Negro, na entrada do discreto barracão da escola, na zona sul de São Paulo.
Ator Aílton Graça, presidente da Lavapés Pirata Negro, na entrada do discreto barracão da escola, na zona sul de São Paulo.
Foto: Marcos Zibordi

A frente do barracão da Lavapés, a mais antiga escola de samba em atividade na capital paulista, fundada em 1937, não tem nenhuma inscrição. Sem nome, nem logotipo na fachada, fica em uma rua discreta da Vila do Encontro, zona sul.

A segunda surpresa acontece ao entrar: silêncio, chão limpo, um ou outro varal de fantasia, ninguém no salão, exceto o ator global Ailton Graça. Ele espera a reportagem sentado atrás de uma mesinha de escritório, cena de administrador, cara lavada de quem dormiu bem e acordou cedo.

Ele assumiu a Lavapés Pirata Negro em 2019. “A escola tinha a bandeira e meia dúzia de instrumentos”, lembra. O colar no pescoço remete ao candomblé e antes mesmo que se pergunte, ele mostra o altar a Exu montado dentro da barracão. Os troféu da escola estão junto. “Tudo é Exu, tudo é ele que indica, eu só vou fazendo”.

Sem nome ou logotipo na fachada, quem não sabe passa batido diante do barracão da Lavapés, em São Paulo.
Sem nome ou logotipo na fachada, quem não sabe passa batido diante do barracão da Lavapés, em São Paulo.
Foto: Marcos Zibordi

O barracão era uma fábrica abandonada. “Tiramos 483 caçambas de terra e entulho daqui”. No fundo, onde estão sendo montados os dois carros alegóricos, outra calmaria. Faltando quinze dias para o desfile, não há meia dúzia de trabalhadores. Ninguém na oficina de costura.

Candomblé, discrição, Exu e Oxóssi

O barracão tem marcas populares clássicas, como o chão de caquinhos de mármore, irregulares, e fuxicos compondo cortinas enormes. Aílton Graça pontua suas falas com referências a Exu. Mas seu santo de cabeça é Oxóssi, das florestas, o discreto orixá que não pode fazer barulho porque espanta a caça.

Graça quer fazer como ele, ir levando a sua escola ao topo, sem alarde. “Quando eu peguei a Lavapés, a gente estava no último lugar do último grupo”. Agora está a um passo de ir para a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo (Liga-SP), das maiores agremiações carnavalescas.

Uma das únicas imagens que podem ser fotografadas antes do desfile é a de Exu, que abre e protege os caminhos.
Uma das únicas imagens que podem ser fotografadas antes do desfile é a de Exu, que abre e protege os caminhos.
Foto: Marcos Zibordi

A Lavapés está grupo Especial de Bairros da União das Escolas de Samba de São Paulo (UESP). Se ficar em primeiro ou segundo lugar neste ano, passa a disputar o carnaval da Liga-SP. Nela, serão mais dois grupos até o especial, o topo, com transmissão pela Globo, das quais Graça participa como comentarista.

Aílton Graça quer mais do que uma escola

Pouca gente sabe, mas a família do ator foi ligada à Independente do Jardim Miriam, da mesma região do barracão da Lavapés. Mas Aílton Graça não quer só fazer a escola subir. Inspirado em agremiações que aglutinam apaixonadas comunidades, que transformar a Lavapés em um quilombo.

“Quero cursos aqui dentro, quero que as pessoas tenham orgulho da escola, que lutem por ela e pela comunidade. Essa é a história do povo preto, da filosofia africana, aquilombar. O afeto afeta de verdade a vida”.

Magia é para quem sabe reconhecer os sinais. Na calçada, nem o nome inteiro da escola aparece.
Magia é para quem sabe reconhecer os sinais. Na calçada, nem o nome inteiro da escola aparece.
Foto: Marcos Zibordi

Além do quilombo, de Exu e Oxóssi, há outra inspiração. “Quase ninguém repara nisso”, diz, referindo-se à expressão “Pirata Negro”, que compõe o nome da escola. Aílton explica que “o pirata constrói uma rota diferente, se junta com outras pessoas e subverte, surpreende”.

Extremamente simpático, mas objetivo como um administrador, Aílton Graça encerra a entrevista. “Já são onze e meia da manhã, preciso ir no banheiro”. A conversa termina sem muitas fotos, natural manter o segredo, outro princípio da magia.

Na saída, em um degrau da calçada está escrito “Lavapés”, discretamente. Chego perto. Tem cigarros, restos de vela. O guardião dos caminhos, Exu, está saudado ali.

Fonte: Visão do Corre
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