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Autor do primeiro romance brasileiro nasceu e morreu pobre

Elogiado por Machado de Assis, precisou trabalhar cedo e criar seis filhos. Mesmo assim, publicou quatorze obras

13 set 2024 - 11h13
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Resumo
Relançamento de O Filho do Pescador, de Teixeira e Souza, é oportunidade de conhecer o primeiro romance brasileiro, e ainda mais o seu autor, um mestiço pobre de Cabo Frio (RJ). Ele não teve condição de se dedicar integralmente à literatura, mas deixou um legado histórico. Machado de Assis o chamou de “gênio adormecido”.
Admiradores colocam flores no busto de Teixeira e Souza, em Cabo Frio (RJ). Primeiro romance brasileiro exalta o negro.
Admiradores colocam flores no busto de Teixeira e Souza, em Cabo Frio (RJ). Primeiro romance brasileiro exalta o negro.
Foto: Prefeitura de Cabo Frio

Antônio Gonçalves Teixeira e Sousa, autor de O Filho do Pescador, primeiro romance brasileiro, ficou sem pai, mãe e irmãos na juventude; deixou os estudos aos 10 anos para trabalhar; e, adulto, renunciou à carreira literária para criar seis filhos. Mesmo assim, publicou 11 obras.

“Nasceu pobre e morreu pobre”, resume o escritor José Correia Baptista, que escreve uma orelha do relançamento de O Filho de Pescador. Baptista, pesquisador da obra de Teixeira de Souza, mora em Cabo Frio há quarenta anos, cidade natal do autor do primeiro romance brasileiro.

Ele nasceu em 1812. Não havia nem ponte em Cabo Frio, somente algumas casas e a colônia de pescadores. “Era uma cidade pobre, paupérrima, não mais que dois mil habitantes. Embora nasça como cidade em 1615, vai se formando lentamente. Vai demorar oitenta anos para ter um sino na igreja”, descreve Baptista.

Forte São Mateus, em Cabo Frio, é uma das mais antigas obras da arquitetura colonial latino-americana, construído entre 1616 e 1620.
Forte São Mateus, em Cabo Frio, é uma das mais antigas obras da arquitetura colonial latino-americana, construído entre 1616 e 1620.
Foto: IBGE

Sozinho e recluso, passa a escrever

Filho mais velho de um português e uma brasileira preta, Teixeira e Souza teve que largar as aulas de latim aos dez anos para aprender carpintaria. O pai, comerciante, estava quebrado. Apesar do afastamento das letras, o gosto por elas estava incorporado.

Os anos seguintes serão bem difíceis. Com treze anos, mudou-se para o Rio de Janeiro. A mãe havia morrido. Voltou à terra natal cinco anos depois, tuberculoso. Viu o pai e as irmãs morrerem de doenças infectocontagiosas. “O tipo de doença mostra bem a situação social”, diz Baptista.

Aos 22 anos, Teixeira e Souza estava sozinho no mundo. Um amigo cede pequena casa em Capivari, para recuperação da tragédia. Acredita-se que nesse período tenha começado a arquitetar o primeiro romance brasileiro, O Filho do Pescador.

O escritor José Correia Baptista mora em Cabo Frio há mais de 40 anos. Pesquisa e escreve, entre outros temas, sobre Teixeira e Souza.
O escritor José Correia Baptista mora em Cabo Frio há mais de 40 anos. Pesquisa e escreve, entre outros temas, sobre Teixeira e Souza.
Foto: Arquivo pessoal

Nasceu e morreu pobre

Teixeira e Souza retorna ao Rio de Janeiro em 1840. Arruma emprego como tipógrafo na gráfica e editora de Paula Brito, preto importantíssimo para as letras brasileiras, um “mecenas dos pobres”, conforme classifica Baptista.

Paula Brito deu emprego a Teixeira e Souza e, posteriormente, a Machado de Assis, que chamou o autor do primeiro romance brasileiro de “gênio adormecido”. Trabalhando como tipógrafo, imprimou e publicou O Filho do Pescador em 1843.

Capa do relançamento de O Filho do Pescador, publicado originalmente em 1843, com raras reedições.
Capa do relançamento de O Filho do Pescador, publicado originalmente em 1843, com raras reedições.
Foto: Divulgação

O período é fundamental na trajetória de Teixeira e Souza. Casa-se três anos depois da publicação do romance e tem seis filhos. Ao longo da década de 1840, trabalhou para sustentar a família, deixando a literatura em segundo plano.

A vida melhorou um pouco em 1849, quando conseguiu um emprego de professor. Seis anos depois, sobe outro degrau social, tornando-se escrivão. Exerce o cargo por pouco tempo, pois morre aos 49 anos. “Ele não se aburguesou”, finaliza Baptista.

Fonte: Visão do Corre
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