Banda punk formada nas periferias exalta origem preta
Banda Punho de Mahin exalta negritude e figuras histórias por meio da música
Composta por músicos negros e periféricos de diferentes quebradas de São Paulo, a banda Punho de Mahin canta histórias que resgatam importantes nomes brasileiros, como Marighella e Dandara dos Palmares, por meio do punk rock.
A banda é formada pela vocalista Natalia Matos, de São Bernardo do Campo; o baterista Paulo Tertuliano, de Cotia; a guitarrista Camila Araújo, de Ribeirão Pires; e o baixista Du Costa, da Brasilândia, em São Paulo.
Ironicamente, essa formação negra e periférica surgiu de forma acidental. Natalia já cantava em outra banda, a Condenados, e convidou Camila, que também já fazia parte parte da cena punk do ABC Paulista, para formar uma nova banda. Depois vieram Paulo e Du.
Logo na primeira reunião da banda, em 2018, perceberam que tinham em comum não só a cor da pele, mas também nas ideias que queriam expressar na música.
“O intuito era apenas fazer um som, mas nos deparamos ali com quatro pessoas pretas. E o mais legal é que os quatro vieram com a mesma ideia de banda, que ela tinha remeter a uma revolta popular, uma revolta quilombola, a uma mulher”, conta Natalia.
E foi assim que eles chegaram ao nome Punho de Mahin, que faz memória a Luísa Mahin, que teria sido uma princesa africana, vinda ao Brasil como escrava. Ela era da religião islâmica e se envolveu nas revoltas dos Malês e da Sabinada. Luísa também foi mãe de Luís Gama, importante abolicionista e advogado brasileiro.
Por ser do punk, é comum que pessoas pretas sejam questionadas pelo estilo, como se fosse algo só para os brancos. E até por isso que bandas como a Punho de Mahin se denominam como “afropunk”.
A banda reforça essa identificação ao afirmar que “o punk é preto”, assim como a maioria das manifestações musicais do último século, conforme explica Natalia.
“Toda a musicalidade que conhecemos hoje é do povo preto. O blues, jazz, rock, a salsa... Tudo isso é música de diáspora. Nós afirmamos o tempo todo que o punk é preto e periférico por conta dessa ancestralidade”, diz.
Em 2021, a banda lançou o EP “Racistas Otários nos Deixem em Paz”, disponível nas plataformas de streaming. Para 2022, a previsão do grupo é produzir o primeiro CD.