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Bloco Beatloko faz Carnaval do rap e do funk em São Paulo

Artistas como Eddy Rock e Trilha Sonora do Gueto estão escalados. Evento na Barra Funda arrecada alimentos

13 fev 2024 - 05h00
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DJ Cia, organizador do Bloco Beatloko. Sem patrocínio oficial, ação entre amigos garante o Carnaval da música periférica
DJ Cia, organizador do Bloco Beatloko. Sem patrocínio oficial, ação entre amigos garante o Carnaval da música periférica
Foto: Divulgação

Não é só a batida do samba que faz o Carnaval. A do rap e a do funk, também. Eles têm bombado desde a primeira edição do Bloco Beatloko, organizado por DJ Cia. O evento, que chegou a atrair 180 mil pessoas antes da pandemia, acontece hoje na Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo. O esquenta começa ao meio-dia.

O Beatloko tentou apoio financeiro até a última hora, e quase desistiu. Mas vai pra avenida, mesmo sem patrocinadores oficiais. “Vamos fazer pela cultura, pela resistência. É uma ação entre pessoas que entendem a necessidade da continuidade do bloco, valorizando nossa cultura de rua, com rap e funk”, diz DJ Cia.

Ele destaca a tranquilidade da festa. “A energia do hip hop coloca as pessoas em outra vibração. Estamos indo pro sexto ano sem treta, sem assédio, sem roubo. É o único bloco que não tem estatística na polícia”, garante Cia.

Os shows são gratuitos, mas não custa nada levar um quilo de alimento. As doações serão destinadas à Ação da Cidadania, projeto social criado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, 30 anos atrás.

Bloco quase não foi pra avenida

Até semana passada, o Carnaval do Bloco Beatloko era incerto, por vários motivos. Um deles, pessoal, a morte do pai de DJ Cia. Outro problema foi a divulgação, em cima da hora, dos blocos que teriam apoio da prefeitura de São Paulo. E, sobretudo, a falta de patrocínio.

O contínuo crescimento do rap e do funk, o desfile da Vai-Vai homenageando 50 anos de hip hop, e as sucessivas safras e cifras de artistas de sucesso parecem ainda não serem suficientes para garantir que empresas cheguem junto.

“Fiquei esperando alguma marca vir, mas elas estão preocupadas com outro tipo de ação, não com o movimento que a gente tem. Vamos lutando até que bata de outra forma. Ainda existe o preconceito com a música urbana, quando se trata de multidão. Mas a gente tem um controle, as pessoas respeitam”, diz Cia.

O jeito foi apelar pros chegados, como o empresário brasileiro Kiko Latino, que mora nos Estados Unidos. DJ Cia fez o corre sozinho: deu telefonemas, mandou mensagens, parceiros chegaram junto e o bloco vai pra rua.

Quem fará a festa

“O sucesso é por conta da união, ninguém faz nada sozinho”, diz Cia. Segundo ele, a ideia do Bloco Beatloko é misturar nomes tradicionais e novos artistas, promovendo uma “unificação urbana em torno do rap e do funk”.

Entre os artistas históricos, da chamada “velha escola”, está o lendário NDee Naldinho, um dos precursores do rap paulistano, presente na coletânea O Som das Ruas, primeiro disco do gênero no Brasil, lançado em 1988.

Entre outras atrações estão Eddy Rock, MC IG, Mc Hariel, Trilha Sonora do Gueto, Consciência Humana, Duquesa e MC Luanna. Veja a programação completa aqui.

MC Hariel é um dos artistas confirmados para o Carnaval do Bloco Beatloko na Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, em São Paulo
MC Hariel é um dos artistas confirmados para o Carnaval do Bloco Beatloko na Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, em São Paulo
Foto: Divulgação

Pequeno histórico do Bloco Beatloko

No primeiro ano de Carnaval do Beatloko, em 2017, na Praça da República, a previsão era de 15 mil pessoas. Chegaram 80 mil, com gente saindo pelo ladrão na região central de São Paulo. No ano seguinte, estreia na Marquês de São Vicente, na Barra Funda. 

Em 2019, recorde de público, 180 mil pessoas. Aí veio a pandemia e o Beatloko voltou em 2021. No ano passado, um temporal estragou a festa. Neste ano, se tudo der certo, quem estiver presente vai ouvir rap e funk na voz e no ritmo de grandes artistas.

A apresentação de DJ Cia não vai deixar por menos. Fazendo jus ao trampo de criador de beats, novos arranjos serão apresentados, mantendo a essência das músicas originais. “No meu momento, eu tiro uma onda”. O público, também.

Fonte: Marcos Zibordi Colunista do Visão do Corre
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