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Como nasceu a relação entre funk, Neymar e as torcidas do Santos?

Criado no Jardim Glória, periferia da Praia Grande, craque cresceu e estourou junto com o ritmo do litoral paulista

2 fev 2025 - 12h37
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Resumo
Nos anos 2000, duas explosões criativas – e simultâneas – chamaram a atenção do Brasil e do mundo para a Baixada Santista: o surgimento de um craque no time do Santos e do funk produzido no litoral, que atingiu o sucesso ainda antes da capital paulista.
Neymar entre funkeiros como KayBlack e Kyan na festa de retorno ao Santos. Estilo musical não poderia ser outro.
Neymar entre funkeiros como KayBlack e Kyan na festa de retorno ao Santos. Estilo musical não poderia ser outro.
Foto: RaulBaretta_Photo Santos FC

Neymar gosta de funk, funkeiros gostam de Neymar, torcedores cantam funks, como o clássico É o Peixe, de Dinho da VP, autor da música mais entoada pela torcida santista. Mas como isso aconteceu?

A relação íntima entre funk e Neymar foi inevitável, fruto de uma coincidência histórica: a ascensão e explosão simultânea do craque do Santos e dos pancadões da Baixada Santista. Ambos ecoaram forte no coração das torcidas.

“Não foi fácil para nenhum dos envolvidos dos anos 90. Foi uma batalha para o funk atingir e poder estender para o Brasil” - DJ Rodjhay

Neymar nasceu em 1992, época em que, no litoral, começava uma promissora cena funkeira. Duplas como Jorginho e Daniel, Renatinho e Alemão, entre outras, emplacavam os primeiros sucessos e atraíam cada vez mais gente aos shows.

Artistas do Rio de Janeiro (Mister Catra, Menor do Chapa e MC Frank, entre outros) baixavam para apresentações no litoral paulista. E rádios como Dimensão e Lazer começavam a tocar pancadões, com enorme audiência.

Explosão simultânea: Neymar e o funk da Baixada Santista

Dinho da VP, dono do primeiro hit sobre Neymar no Santos, em 2010, fez novo funk para volta do craque.
Dinho da VP, dono do primeiro hit sobre Neymar no Santos, em 2010, fez novo funk para volta do craque.
Foto: Divulgação

Dinho da VP, autor do funk de maior sucesso entre as torcidas do Santos, É o Peixe, lembra que em 1996 ouviu uma música da primeira dupla a se profissionalizar na Baixada Santista.

Tinham o criativo nome de Palco e Gente e estrearam na Digital FM, rádio histórica pra o funk do litoral paulista. “Nós escutamos e não acreditamos. Na mesma semana, gravamos e lançamos lá. O nome do programa era Valores da Baixada”.

Era 1996, Neymar tinha quatro anos de idade. Ele chegou ao Santos em 2003, com 11 anos. Estreou em 2009, quando o funk da Baixada Santista, estruturado, explodia no Brasil inteiro, ainda antes da capital paulista.

Chega 2010 e o Santos tem um timaço. Dinho da VP lança o primeiro sucesso entre as torcidas do Santos, provavelmente o funk mais cantado até hoje em estádios, É o Peixe.

“É o Peixe” explodiu na Libertadores

DJ Rodjhay produziu “É o Peixe” com Dinho da VP. “Fiz um sample pra entrar na mente”, explica.
DJ Rodjhay produziu “É o Peixe” com Dinho da VP. “Fiz um sample pra entrar na mente”, explica.
Foto: Divulgação

“Eu fiz a música na semana que o Santos ganhou o Paulista. Depois veio a Copa do Brasil. Quando foi Campeão da Libertadores, em 2011, explodiu de vez”, lembra o músico santista, que lançou um novo funk para a volta de Neymar.

“Eu e meu filho fomos para a praça da Independência comemorar, todos os carros tocavam meu funk, sério, todos tocavam. Sou santista desde pequeno, nasci na Santa Casa de Santos, do lado da Vila Belmiro”, conta Dinho da VP (iniciais de Vila Progresso, em Santos).

Histórico, o funk entrou no documentário Neymar: O Caos Perfeito, da Netflix. “Ele chegou dizendo que tinha uma música que ia estourar, mostrou a letra, eu falei vamos fazer pequena para entrar na mente das pessoas”, lembra DJ Rodjhay, que produziu É o Peixe.

Orgulho de Alemão é ter seu funk adaptado

Alemão, um dos primeiros funkeiros da Baixada Santista em atividade, tem refrão adaptado pela torcida santista.
Alemão, um dos primeiros funkeiros da Baixada Santista em atividade, tem refrão adaptado pela torcida santista.
Foto: Kelly Rodrigues

Outro funkeiro santista da Baixada é Alemão, que teve um funk em parceria com Renatinho adaptado por torcedores. Entre os precursores da cena litorânea, é um dos poucos em atividade.

O refrão “vem que o bonde do Rubão é guerreiro” é cantado pela Torcida Jovem como “vem que o bonde da TJ é guerreiro”. “Eu escrevi essa música em 2003. Quando eu vi a adaptação, fiquei muito feliz, pra mim é um dos maiores hinos”, diz Alemão.

Ele faz questão de frisar que ama todas as organizadas do Santos, como a Sangue Jovem. “Jogadores, futebol, torcidas e cantores caminham juntos, não tem jeito, por isso que sempre que alguém faz três gols pede uma música, não é mesmo?”.

Neymar é cria do funk da Baixada Santista

“Neymar é funkeirão, não tem como”, diz Vitor Hugo Barrionuevo, produtor e empresário da Veagá Filmes.
“Neymar é funkeirão, não tem como”, diz Vitor Hugo Barrionuevo, produtor e empresário da Veagá Filmes.
Foto: Arquivo pessoal

“É aquilo: o Neymar foi criado em um ambiente onde o funk dominava. Moleque de quebrada, criado em bairro periférico, foi inevitável criar uma relação muito forte”, diz Vitor Hugo Barrionuevo, produtor e empresário da Veagá Filmes.

Ele creceu na torcida Sangue Jovem e diz que “Neymar é funkeirão, está enraizado. O cara entrava no vestiário tocando pancadão”. Ele aponta as conexões entre funkeiros e as cidades da Baixada Santista.

As informações sobre a cena crescente do funk circulavam muito rápido entre Santos, São Vicente, Praia Grande. Um artista como Duda do Marapé, de Santos, era ouvido em Itanhaém, Mongaguá “e até mesmo em lugares mais afastados”, diz o criador à frente da Veagá Filmes.

Funk na playlist de Neymar

Neymar com MC Bin, santista que tem Santos no nome de batismo. Ele é Jefferson Cristian dos Santos de Lima.
Neymar com MC Bin, santista que tem Santos no nome de batismo. Ele é Jefferson Cristian dos Santos de Lima.
Foto: Arquivo pessoal

Amigo de funkeiros como Oruam e Ryan, homenageado em vários funks, o craque do Santos foi citado recentemente em Set do Manuel, por MC Bill, cujo sucesso “está na playlist do Neymar”.

O jogador devolve os afagos com dancinhas, fotos, participação em clipes, vídeos. Em 2020, cantou Cai Lágrimas, de Duda do Marapé, e viralizou. No mesmo ano, atacou de funkeiro, com o codinome NJ.

Era uma brincadeira durante o isolamento da pandemia, cantando funk em um vídeo gravado na mansão em Mangaratiba (RJ). Na volta ao Santos, o show que teve rappers como Mano Brown e Projota, foi dominado por funkeiros da Baixada Santista.

A foto dos parças debaixo de chuva é histórica. Todos ricos, famosos, com carreiras estabelecidas, mas há uma diferença: Neymar precisa recuperar aquilo que o funk tem de sobra, o ritmo. Na Baixada Santista, não faltarão inspirações.

Fonte: Visão do Corre
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