Conheça os blocos que prometem agitar a periferia de BH
Carnaval de Belo Horizonte se tornou um dos maiores do país, com grande agito nas bordas da cidade
A retomada do Carnaval em Belo Horizonte vem com tudo. Além do número de foliões aumentando a cada ano, neste 2023 os blocos da periferia prometem fazer a diferença. Eles surgiram há poucos anos, mas provocam barulho enorme não só pelas músicas, mas pela diversidade e reivindicações sociais, provando que a folia não precisa ser alienada. E que ela não rola somente no centro da capital mineira.
Separamos cinco blocos que desfilam entre os dias 18 e 25 para você conhecer e se jogar – em um ou em todos.
Bloco Seu Vizinho
Ainda antes do Carnaval de BH se tornar referência, em novembro de 2014 nasceu o Bloco Seu Vizinho, idealizado por Paulo Vítor Ribeiro. Foi da Vila Marçola, no Aglomerado da Serra, que veio a inspiração para difundir um carnaval acessível, voltado para o coletivo e que contribui para o fortalecimento das pessoas da vila, em sua maioria negras.
A missão do Seu Vizinho é promover a diversidade, valorizar a cultura e a potência da favela, além de unir o morro com o asfalto. O nome deve ser entendido como uma metáfora, que sugere convidar todos do entorno, da área central ou da Serra.
O objetivo geral é combater a desigualdade e prezar pela mistura das pessoas. Seu lema é #todomundojuntoeaglomerado. A apresentação do Bloco será dia 18 de fevereiro, ao meio-dia, partindo do Canão da Avenida Mem de Sá.
Bloco Rola Cansada
Um time de futebol entre amigos do bairro São Lucas foi a inspiração para criação do Bloco Rola Cansada. A intenção do grupo é propor interação e distração para a comunidade que, até então, não tinha um movimento parecido.
No início eram 150 participantes. Ainda na pandemia, começou a crescer, mas as restrições de saúde seguraram um pouco a alegria e as possibilidades de realização de uma festa maior e mais livre.
Para 2023, a expectativa é de duas mil pessoas no bloco, que tem como principal objetivo unir a comunidade nessa data especial, mostrar a cultura da favela e dar oportunidade para os comerciantes ambulantes garantirem as vendas.
A concentração será dia 20 de fevereiro, às 13 horas, na Rua Doutor Camilo, 214, Serra.
Arrasta Bloco de Favela
O Arrasta Bloco de Favela é um bloco afro periférico que foi fundado em 2016 no Morro das Pedras por Álvaro Zulu. É formado pelos moradores da comunidade. No ano seguinte à fundação, o desfile foi cancelado após intervenção policial.
O acontecimento fortaleceu o grupo, que insistiu em impor sua representatividade, participando de agendas e mostrando para a opinião pública as potencialidades do povo negro, periférico e a importância da diversidade.
Neste ano, a concentração será no dia 21 de fevereiro, de 17 até 22 horas na Rua Piúma. A dispersão está prevista para a Rua Castelo Nuevo. A apresentação contará com a participação das comunidades Ressaca, São Salvador e Glória.
Bloco Caranguejo
Em 2015, Fábio Luiz teve a ideia de criar o Bloco Caranguejo, no Aglomerado da Serra. A inspiração do nome veio da obra de Chico Science e Nação Zumbi. Suas músicas falam da difícil vida da população periférica do Recife, associando as dificuldades dos caranguejos ao cotidiano das pessoas mais pobres.
A forma de vida e os desafios são semelhantes ao cotidiano da comunidade do Aglomerado da Serra, que se envolveu e permanece até hoje no projeto do bloco. Os integrantes sairão no dia 21 de fevereiro no Trailer do Caranguejo. Vão desfilar até o final da linha 9404 do coletivo municipal, sentido Serra/São Lucas.
Bloco Transborda
No embalo do sucesso do Carnaval da cidade, em 2018 surgiu o Bloco Transborda, a partir do encontro de moradores de algumas periferias de Belo Horizonte e Contagem.
São Salvador, Novo Progresso, Ressaca, Vila Pérola e Laguna são os bairros que compõe o Bloco Transborda. Ele pauta o protagonismo periférico, associando o Carnaval a uma ferramenta política, de luta. Através da folia, as vozes e os questionamentos são manifestados.
O tema deste ano é a “revolta”, no intuito de jogar com as palavras: simboliza a retomada, após a pandemia, e a revolta contra todos os sistemas que exploram, excluem e oprimem.
É uma denúncia da forma desigual de viver, abordando, com alegria, as revoltas históricas de um passado que tentam apagar e esquecer. Para o Bloco Transborda, o Carnaval é uma “festa de fresta”, que consegue driblar a realidade e inventar outras formas mais justas de viver, através da fantasia e da imaginação, como um recado para a sociedade.
A concentração será dia 25 de fevereiro, ao meio-dia, na Pracinha da Augusta, no bairro São Salvador.