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Exposição 'Crias Que Criam' reúne artistas periféricos cariocas

Criadores são da Baixada Fluminense e expõem pinturas, ilustrações, lambe-lambes, fotografias e esculturas

4 out 2023 - 05h00
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Pietra Canle, uma das artistas da exposição que mostra o talento e a variedade da arte periférica da Baixada Fluminense
Pietra Canle, uma das artistas da exposição que mostra o talento e a variedade da arte periférica da Baixada Fluminense
Foto: @luizesampaio

"Crias Que Criam" é a exposição de abertura da recém-inaugurada Ainda Galeria de Arte, espaço destinado a fomentar o desenvolvimento e crescimento de artistas independentes no competitivo mercado da arte no Rio de Janeiro.

Com participação de artistas majoritariamente negros da Baixada Fluminense, e com diferentes repertórios, "Crias Que Criam" visa mostrar a pluralidade da periferia carioca. São pinturas, ilustrações, lambe-lambes, fotografias e esculturas que montam um panorama atual e representativo da periferia. As criações tratam de temas como mobilidade urbana, ancestralidade, infância e funk carioca.

Segundo o curador João Paulo Ovidio, a exposição coletiva representa uma oportunidade singular de reunir obras de quem têm criado novas imagens do Rio de Janeiro, diferentes da paisagem turística, idealizada e estampada nos cartões-postais.

Segundo ele, a curadoria da exposição mostra que não existe “a representação da periferia”, no singular, como se toda rua, casa, pessoa, grupo ou vivência fosse igual. São periferias, sempre.

Entender a Baixada Fluminense como periferia

Silas Sena, de Nova Iguaçu, é artista visual e urbano, membro do coletivo BXD Lambe, e de graduando em Belas Artes na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Ele vê a participação do coletivo, que geralmente atua na rua, como uma oportunidade de adentrar os espaços de galerias, que normalmente abrigam outros tipos de arte.

Silas Sena com sua criação nas ruas de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ele é um dos artistas da exposição
Silas Sena com sua criação nas ruas de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ele é um dos artistas da exposição
Foto: Divulgação

O artista acredita que uma exposição com maioria de artistas baixadenses diferencia a cena, pois as oportunidades locais dentro das artes visuais são escassas. “É muito legal, faz a gente entender a Baixada Fluminense como periferia. É uma periferia muito unida, muito própria. É muito satisfatório para gente acessar esse lugar.”

Pietra Canle, 25 anos, de Nova Iguaçu, artista e educadora, também do coletivo BXD Lambe, celebra o fato de estar expondo ao lado de artistas com origens parecidas com as dela. “É muito importante para o nosso fazer artístico enquanto um coletivo da Baixada, que utiliza o território para criar, pensar arte, fazer arte.”

Ainda Galeria de Arte

A sede física da Ainda Galeria de Arte foi inaugurada no dia 26 de agosto deste ano, mas o projeto existe virtualmente desde 2021. O intuito era a venda de obras de artistas independentes para todo o Brasil. Seja no espaço físico ou virtual da galeria, no centro do Rio de Janeiro, ou em outros locais, a iniciativa realiza exposições, ações e incursões fomentando a arte autônoma.

Kariny Fenelon e Edu Ribeiro, amigo de infância que inspirou a artista a abrir a Ainda Galeria de Arte, focada em criadores periféricos
Kariny Fenelon e Edu Ribeiro, amigo de infância que inspirou a artista a abrir a Ainda Galeria de Arte, focada em criadores periféricos
Foto: Wendel Mereeuw

A galeria é idealizada por Kariny Fenelon, 22 anos, natural de Nova Campinas, distrito de Duque de Caxias, atualmente moradora de Botafogo.

A inspiração para criar a Ainda Galeria de Arte na internet e em meio à pandemia de covid-19 surgiu da difícil experiência de um amigo de infância, Edu Ribeiro, que está na exposição Crias que Criam. Também de Caxias, ele é artista plástico e enfrentava dificuldades para monetizar seu trabalho.

A proposta do projeto virtual reuniu dez artistas independentes no ano da fundação. Atualmente, são 25, quase todos crias de comunidades periféricas do estado do Rio de Janeiro. A meta é tornar o trabalho itinerante, com exposições por todo o Brasil.

Edu Ribeirou e sua arte em pintura. Na pandemia, dificuldade em vender obras inspirou projeto que deu origem à Ainda Galeria de Arte
Edu Ribeirou e sua arte em pintura. Na pandemia, dificuldade em vender obras inspirou projeto que deu origem à Ainda Galeria de Arte
Foto: Divulgação

Serviço

A exposição Crias que Criam, com curadoria de João Paulo Ovidio, 28 anos, morador de Duque de Caxias (RJ),  mostra o trabalhos de Ayra Aziza, BREU, Bruna Gomes, Silas Sena e Pietra Canle (do coletivo BXD Lambe), Edu Ribeiro, Flavia Adriano, Jônatas Moreira, Juan Calvet, Juan Pablo, Karine de Souza, Marcos Aurélio, Monique Ribeiro e Viviane Laprovita.

  • A mostra fica em cartaz até 21 de outubro, com entrada franca. A Ainda Galeria de Arte funciona de quarta a sexta-feira, das 11h às 18h, e sábado até às 15h. Rua da Quitanda, nº 83, segundo andar, centro do Rio de Janeiro. É necessário agendar a visita pelo site.
ANF
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