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Fé e luta: como líderes religiosos mantiveram fieis

Cada religião lidou de formas diferentes com o período de pandemia. Agora, soluções e iniciativas encontradas são ainda mais usadas

16 ago 2022 - 18h14
(atualizado em 19/8/2022 às 19h32)
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Pastor Silas Furtado, presidente Igreja Ministerio Kadoshi
Pastor Silas Furtado, presidente Igreja Ministerio Kadoshi
Foto: Divulgação/Instagram

Com a pandemia da covid-19 decretada há pouco mais de dois anos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o cotidiano teve de passar por diversas adaptações. Economia, comércio e entretenimento foram só alguns dos setores que, logo de primeira, sentiram os impactos da covid-19 e da baixa circulação de pessoas.

Em um momento de crise sanitária e humanitária, outra área sofreu um forte impacto: a fé e a religião. Cultos e igrejas, inevitavelmente, ficaram por longos meses sem a presença dos fiéis. 

Cada religião e organização religiosa precisou lidar de formas diferentes com esse período. Agora, com o fim próximo da pandemia e sem restrições, é possível compreender os estragos causados pela covid-19 no âmbito da fé — e quais soluções e iniciativas foram encontradas. 

Hoje, líderes religiosos de diversas denominações usam a internet para o cuidado não só dos membros de seus templos, mas também daqueles que buscam um consolo ou um ponto de equilíbrio. 

No entanto, para que as comunidades religiosas possam continuar funcionando, a presença dos fiéis e a busca por recursos e mantimentos ainda são discutidos. Ao Visão do Corre, líderes das religiões do candomblé, evangélica e católica falaram sobre o momento atual de suas comunidades de fé e quais os rumos que elas devem tomar. 

Pastor e presidente da Igreja Ministério Kadoshi, no Grajaú, periferia da zona sul da cidade de São Paulo, Silas Furtado entende que a crise sanitária expôs quem realmente estava em busca da fé, não apenas por uma religiosidade.

Para ele, as igrejas sofreram grande impacto pela falta de fiéis, com as portas fechadas. Segundo ele, muitas igrejas evangélicas tiveram de encerrar suas atividades por falta de recursos, principalmente financeiros, para manter o aluguel do espaço onde os cultos eram realizados.

“Percebe-se que muitas igrejas ainda não voltaram 100% como esperado. No entanto, vimos que as lives nos ajudaram muito, aprendemos a usar uma nova ferramente, que nos permitiu a levar os cultos para dentro da casa dos nossos fiéis. Um momento de transformação também”, disse Silas.

Furtado também relata que, com a chegada do pix, os fiéis – cerca de 150 a 200 por culto – passaram a dar suas ofertas através dessa ferramenta. “Expandimos nossa igreja. Nos adaptamos”, completou. 

Na igreja católica Nossa Senhora das Graças, também no extremo sul, o Padre e DJ Zeton realizou um grande projeto para manter as atividades religiosas em sua comunidade. Desde missas em lives, manter a igreja aberta para os fiéis frequentarem, dentro dos cuidados de segurança à saúde, até ajudar aos mais necessitados.

No entanto, segundo ele, a retomada passou por um processo de adaptação, pelo receio dos fiéis. Para manter o templo, o Padre coloca a união dos seus fiéis como um dos principais pilares para que isso fosse feito.

“O dizimo não caiu. Mesmo os desempregados ajudaram e ainda continuam ajudando. Demos todo um suporte espiritual para quem estava em isolamento. A falta de recurso sempre vai se fazer presente, mas a gente vai se adaptando às adversidades”, relatou Zeton. 

Já o babalorixá Mauro Guimarães, mais conhecido como Mauro de Oxum, que também é pesquisador e escritor, fala de sua satisfação em servir aos seus sagrados, mesmo em meio a tantas atividades diárias. 

Patrono do Ilè Alakètu Àse Òsun Iyámi Ipondá, localizado no bairro Colubandê, periferia de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, Mauro conta que tem visto o número de filhos de santo – hoje cerca de 700 – crescer, mesmo após o período de pandemia. O babalorixá também relata como teve de lidar com a crise sanitária. 

“Orixá esteve conosco em todos os momentos, somos pessoas de fé. Aqui [no Ilè Alakètu Àse Òsun Iyámi Ipondá] nada mudou, todos [os filhos de santo] continuaram pagando suas mensalidades, e eu continuei atendendo meus clientes e adeptos com as devidas precauções”, relatou Guimarães. 

O patrono ainda reforça que o momento de crise sanitária deu “impulso para não praticantes da fé afrodescendente. Os que já eram, se sentiram ainda mais resguardados e fortalecidos”. “Todos se mantiveram intactos, assustados do que poderia acontecer. Um medo assolou o mundo em todos os segmentos religiosos, porém, entre mortos e feridos, todos saímos salvos”, completou o babalorixá Mauro. 

Além da sua matriz, no Rio de Janeiro, Mauro espera inaugurar em breve uma filial do Ilè Alakètu Àse Òsun Iyámi Ipondá, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo.

Fonte: Visão do Corre
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