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Festival Rap Game vai exaltar cultura hip-hop em BH

Evento será no Mineirão dia 25 de março, com 12 horas de música e mais de 25 atrações, com vários artistas locais

23 mar 2023 - 05h00
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O rap é uma das principais expressões culturais a dar voz às minorias de Belo Horizonte, um dos motivos para a capital se tornar palco do maior evento de rap do estado, o Festival Rap Game, que acontece dia 25 de março no Mineirão.

Lucas Henrique, 22 anos, morador da Vila Ventosa, vai se apresentar no evento. Está ansioso e ensaiando muito para dar o melhor. “Muito importante esse espaço, alimenta nossa vontade de vencer. Sabemos a dificuldade que é para um de nós, da favela, sem visibilidade, estar em um grande palco”, diz o jovem.

Lucas é conhecido artisticamente como LS o Cria, e promete um repertório que já está disponível nas plataformas musicais digitais. Também pretende mostrar ritmos inéditos, com a presença de VT o Cria e do DJ Júlio Marques.

Uma das atrações do Festival Rap Game, LS o Cria divide o tempo entre o trabalho como motoboy e a música
Uma das atrações do Festival Rap Game, LS o Cria divide o tempo entre o trabalho como motoboy e a música
Foto: Divulgação

Outros crias da região

Outro músico que promete novidades no repertório é Diego Palhares, o Sadoff, de 24 anos. Seu show no Festival Rap Game será o mais importante da carreira. O artista começou a participar das batalhas de rimas em 2016. O que era lazer se profissionalizou com um lançamento no mesmo ano.

“Escolhi esse estilo musical pois faz parte da minha vivência. Com ele posso me expressar e exaltar que os pretos merecem viver bem, como qualquer pessoa de condição financeira estável”, explica.

Sadoff gosta de explorar novos estilos musicais, que serão mostrados no Festival Rap Festival, em BH
Sadoff gosta de explorar novos estilos musicais, que serão mostrados no Festival Rap Festival, em BH
Foto: Divulgação

Além da periferia

A representatividade do evento vai além da periferia. A travesti Lua Zanella mora em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, e leva mais que divertimento ao público.

“Retrato minhas vivências travestis e discussões políticas acerca do corpo, da heteronormatividade, dentre outros assuntos”, diz Lua Zanella, que rima em batalhas há um ano - ela foi a primeira mulher trans a organizar batalhas de rap em Minas Gerais.

Os preparativos para a apresentação incluem ensaios intensos, com faixas especiais e marcantes em sua história. Uma delas fala sobre o divino que está em todos e o momento em que a Lua se percebe mulher trans.

Lua, pioneira das batalhas de rima, aposta na representatividade travesti no palco do Festival Rap Festival
Lua, pioneira das batalhas de rima, aposta na representatividade travesti no palco do Festival Rap Festival
Foto: Divulgação

Vindo do interior

O festival vai receber músicos que começaram a carreira no interior, como Pedro Caetano, 20 anos. Ele fala sobre quando descobriu o talento, ainda criança, e relembra o início.

“Cresci participando de batalhas e colaborações em cidades próximas. Desde pequeno gosto muito do rap. Usei como ferramenta para me expressar e divulgar as minhas filosofias e pensamentos, e até como curtição”, diz.

Há quatro anos, Caetano investe no talento e afirma que está se preparando muito para fazer o público se divertir e pensar.

Caetano usa a ansiedade como combustível para a apresentação que fará no Festival Rap Game, em BH
Caetano usa a ansiedade como combustível para a apresentação que fará no Festival Rap Game, em BH
Foto: Divulgação

Expressão local é o diferencial

Para DJ Zeu, um dos organizadores, “o diferencial de BH está na diversidade e qualidade dos artistas, que trazem linguagem própria, a forma única de expressar sua arte. O Festival Rap Game é uma celebração da música e da cultura hip-hop, que busca dar aos amantes do gênero uma experiência única e inesquecível”.

O festival vai acontecer na Esplanada do Mineirão e contará com dois palcos, um exclusivo para os artistas regionais.

Correria vem de longe

A capital mineira tem se destacado pelo grande número de artistas alcançando visibilidade nacional. Essa cultura começou a dominar os belorizontinos nas décadas de 1970 e 1980, quando jovens cantavam e dançavam aos domingos na Praça Sete de Setembro, no centro da cidade.

Mas não era qualquer jovem. Eram negros que desciam das favelas e periferias exibindo a cultura black power nas ruas, através das rimas e passinhos. Hoje, a força do movimento é suficiente para justificar um festival.

ANF
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