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Forró da Priscila mostra como Paraisópolis não é só funk

Casa de shows recebe até mil pessoas por fim de semana e começou nas ruas da comunidade, assim como os bailes funk

21 mar 2022 - 10h41
(atualizado às 11h32)
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Espaço recebe até mil pessoas aos fins de semana
Espaço recebe até mil pessoas aos fins de semana
Foto: Reprodução/Facebook

Quem vê os bailes funk nas ruas de Paraisópolis pode até duvidar, mas há quem diga que o ritmo que predomina na segunda maior favela de São Paulo é outro. “O forró sempre foi predominante. Toca nos barzinhos, nos carros de som, nas vielas”, conta Maria Aparecida Prudêncio, de 34 anos, dona da maior casa dedicada ao gênero na comunidade da zona sul da capital.

Conhecida popularmente como Priscila, Maria Aparecida comanda há 15 anos o “Forró da Priscila”, espaço que recebe até mil pessoas por fim de semana e é referência no bairro. O negócio, hoje com nove funcionários, começou nas ruas, assim como os bailes funk.

“Antes do funk explodir, eu fazia forró na rua. Era um forró para três mil pessoas, na rua aberta”, relembra.

Maria Aparecida, conhecida como Priscila em Paraisópolis
Maria Aparecida, conhecida como Priscila em Paraisópolis
Foto: Arquivo pessoal

Naquela época, a empreendedora tinha um pequeno bar e montava o palco para as bandas na calçada. No boteco cabiam apenas ela, a mãe e “os quatro freezers”. Para a população, sobrava o espaço da rua, que ficava com o quarteirão inteiro lotado.

Foi só cinco anos depois que as apresentações foram para o espaço fechado mantido pela empresária até hoje. Do salão na rua Major José Marioto Ferreira, Maria Aparecida viu o funk crescer dentro da comunidade. Mesmo assim, o novo ritmo não diminuiu a força da música nordestina, segundo ela.

Em Paraisópolis, de acordo com a associação de moradores do bairro, mais de 80% dos 100 mil moradores têm origem nordestina. A tradição e a cultura da população, que migrou em peso para a favela a partir da década de 1960, passou de geração em geração.

“Fiz forró para os pais e hoje faço para os filhos. Eles falam ‘meu pai vinha aqui’”, conta Maria. Ela mesma descobriu o gênero musical por causa da família. Filha de paraibanos, a empresária frequentava casas de forró em Paraisópolis desde a adolescência.

Em número de habitantes, a favela só fica atrás de Heliópolis, também na zona sul, que tem quase 200 mil habitantes. Mas hoje em dia, além da população da própria comunidade, o Forró da Priscila recebe frequentadores de outros distritos, como Campo Limpo e Bela Vista, nas zonas sul e central da capital, e da cidade de Taboão da Serra, na Grande São Paulo.

Priscila comanda a casa de forró mais balada de Paraisópolis
Priscila comanda a casa de forró mais balada de Paraisópolis
Foto: Arquivo pessoal

Muitos deles chegam pela primeira vez em busca das atrações famosas que tocam no local, como as bandas Desejo de Menina e Malla 100 Alça, e acabam voltando depois da primeira visita. “Cerca de 30% do nosso público é de fora”.

Com todo o sucesso, Maria Aparecida sonha em expandir o negócio. “Meu maior sonho é achar um espaço maior porque quero montar um centro de tradições nordestinas em Paraisópolis, para fazer os shows e também vender comidas e produtos típicos”, explica.

O Forró da Priscila funciona de sexta a domingo, das 22h às 6h, na rua Major José Marioto Ferreira, nº 266, em Paraisópolis, pertencente à Vila Andrade, na zona sul de São Paulo. As apresentações são divulgadas na página da casa no Facebook.

Agência Mural
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