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Inspirado em Carolina Maria de Jesus, livro reúne histórias de catadoras do Brasil

'Quarentena da resistência'reúne relatos de 21 catadoras de recicláveis, que, assim como a escritora Carolina Maria de Jesus, encontraram na escrita uma forma serem as protagonistas das suas próprias histórias

17 jan 2022 - 12h47
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Três mulheres negras usam coletes azuis e estão catando recicláveis
Três mulheres negras usam coletes azuis e estão catando recicláveis
Foto:  Elizabeth Nader/Prefeitura de Vitória / Alma Preta

Vulnerabilidade social, violência doméstica, fome e racismo são alguns dos relatos comuns compartilhados por 21 catadoras de materiais recicláveis de diferentes cidades do Brasil, que, assim como a escritora e catadora Carolina Maria de Jesus, encontraram na escrita uma forma de partilhar as suas dores e tomarem o protagonismo das suas próprias histórias.

As histórias estão reunidas nas 243 páginas do livro 'Quarentena da resistência', publicado pela editora Coopacesso, que conta a história de catadoras de materiais recicláveis de forma intimista e a busca dessas mulheres, de maioria negra e chefes de família, por melhores condições de vida e oportunidade. O livro está disponível para download no site da Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma das parceiras do projeto.

Durante sete meses, as trabalhadoras participaram de uma formação virtual com oficinas de criação literária e escrita através da leitura do livro 'Quarto de Despejo: Diário de uma favelada', da escritora Carolina Maria de Jesus. Por meio das trocas de experiências e debates, as catadoras compartilharam sobre as suas realidades. Cada participante recebeu uma bolsa de estudos mensal com valor de R$ 385 para os custos de internet e cestas básicas.

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"Inspiradas em Carolina Maria de Jesus, as catadoras, trabalhadoras severamente atingidas pela pandemia, em sua maioria negras, encontraram um lugar de fortalecimento e luta pela palavra e compartilhamento das dores e afetos. O potencial trazido pela literatura, a partir de reflexões sobre trabalho, racismo, gênero e outras questões que atravessam a vida das catadoras, reflete na organização do grupo e na defesa de direitos", afirma Elisiane dos Santos, procuradora do Trabalho do MPT-SP e uma das idealizadoras do projeto.

A ideia do livro surgiu em meio a pandemia de Covid-19, período em que grupos em situação de vulnerabilidade sofreram impactos devastadores, sobretudo os catadores e catadoras de materiais recicláveis, expostos a condições de trabalho precárias e baixa remuneração.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Ministério Público do Trabalho (MPT) de São Paulo, a Festa Literária das Periferias (FLUP) e a Cooperativa Central do ABC (Coopcent ABC), com o apoio da Universidade Federal do ABC (UFABC) e os Laboratórios da Palavra e de Teorias e Práticas Feministas do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Faculdade de Letras/UFRJ.

'O resgate da história de organização da categoria profissional, agora em livro, mostra à sociedade a importância fundamental do trabalho que realizam, ao tempo em que cobra do Poder Público as condições e políticas públicas para a valorização e reconhecimento do trabalho de milhares de mulheres e famílias no Brasil, trabalho este do qual depende a vida das pessoas e do planeta. Essa obra deve ser lida por todos e todas", ressalta Elisiane.

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Alma Preta
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