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Jovens da periferia vão pela primeira vez a uma exposição em SP: “Parece comigo”

Moradores de favelas da zona sul visitam mostra sobre periferia do Recife no centro da capital paulista. E se reconhecem

17 fev 2025 - 15h41
(atualizado às 17h07)
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Resumo
Trinta adolescentes começam curso preparatório para o mercado de trabalho visitando exposição de arte. São moradoras e moradores do Campo Belo, região da Água Espraiada, zona sul de São Paulo, imortalizada pelo rapper Sabotage.
Adolescentes na Caixa Cultural, em SP, diante de quadro da exposição Comigo Ninguém Pode, em que se reconheceram.
Adolescentes na Caixa Cultural, em SP, diante de quadro da exposição Comigo Ninguém Pode, em que se reconheceram.
Foto: Instituto Jatobás

“Essa moça do quadro, ela é de verdade? Nossa, que linda! Eu também me vejo preta, parece comigo”, diz uma das jovens da periferia da zona sul de São Paulo na exposição Comigo Ninguém Pode, do artista periférico recifense Jeff Alan.

Ela mais 29 adolescentes foram ao centro da cidade – centrão mesmo, centro velho, Praça da Sé – para verem uma exposição pela primeira vez na vida. É também a primeira aula do projeto social do qual participam, Jovens Criativos, do Instituto Jatobás.

A frase espontânea da jovem diante do quadro em que se reconhece é captada enquanto o curador Bruno Albertim fala sobre os personagens reais da periferia de Recife (PE), retratados artisticamente na exposição de Jeff Alan na Caixa Cultural.

Enquanto discorre sobre questões de protagonismo negro, ancestralidade e elementos do cotidiano, uma jovem pergunta: “A tinta ainda está molhada? Pintou ontem?”. Em seguida, um adolescente para diante do quadro com a imagem de dois garotos sem camisa, como se estivessem posando para uma foto.

Jovem da zona sul encontra a imagem de dois manos do Recife e lembra de seus amigos. Semelhança reforça identidade.
Jovem da zona sul encontra a imagem de dois manos do Recife e lembra de seus amigos. Semelhança reforça identidade.
Foto: Instituto Jatobás

“Tira uma foto minha? Eu gostei muito desse quadro. Lembra os meus amigos, eles parecem que estão indo jogar bola, igual eu e meus vizinhos", explica o interessado visitante.

Reações diante do reconhecimento de si

Ao virar a esquina do Galpão Jatobás, no Campo Belo, zona sul de São Paulo, onde fica o projeto social, adolescentes rumo à exposição deixaram para trás as 24 favelas ao redor do aeroporto de Congonhas, na antiga Avenida Água Espraiada, hoje Avenida Roberto Marinho.

Durante a viagem em plena tarde de terça-feira, sol a pino, eles ouviram músicas, cantaram e deram risadas. Na exposição, entenderam que as distâncias entre a zona sul e o centro – e mesmo entre São Paulo e Recife – não são tão grandes assim.

Em imersão de uma tarde, após a visitação rolou uma oficina de desenhos. Periferias de São Paulo e Recife se reconhecem.
Em imersão de uma tarde, após a visitação rolou uma oficina de desenhos. Periferias de São Paulo e Recife se reconhecem.
Foto: Instituto Jatobás

“Jeff Alan tem um perfil social muito próximo desses jovens. Ele vem de um bairro periférico de Recife, vem de uma família preta, e historicamente periférica”, explicou o curador aos visitantes.

A visita vai cumprindo o objetivo de fortalecer a autoestima, identificar vocações, ampliar horizontes, preparando para o mercado de trabalho.

“Eu desenhei minha avó”, diz adolescente

O rolê não se limitou à visita. O grupo de jovens participou da oficina Retratos de Amanhã, com o desafio de imaginar e desenhar seus ancestrais.

Em imersão de uma tarde, após a visitação rolou uma oficina de desenhos. Periferias de São Paulo e Recife se reconhecem.
Em imersão de uma tarde, após a visitação rolou uma oficina de desenhos. Periferias de São Paulo e Recife se reconhecem.
Foto: Instituto Jatobás

“Eu desenhei minha avó... desenhei meu tio e meu avô”, contaram dois adolescentes. Duas alunas se reconheceram no processo. “Eu olhei para ela, ela olhou para mim, e nos desenhamos”, disse uma delas.

A visita transformadora lembra versos de Sabotage, da mesma região desses jovens, as favelas da Água Espraiada. “Alternativa pra criança aprender, basta quem ensina”, cantou o maestro do Canão.

Fonte: Visão do Corre
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