Kombi de circenses leva espetáculos para quebradas de SP
Projeto Combuca da Judite começou em 2015 e foi financiado pela Lei Aldir Blanc em 2021
Quatro artistas, uma kombi e a rua como cenário. A trupe circense “Combuca da Judite” não precisa de muito para construir as apresentações que divertem crianças e adultos em diferentes cidades do Estado de São Paulo.
“É tudo na rua, a gente não se apresenta em lugar fechado. A kombi é o nosso palco, faz parte da cenografia”, conta Vander Leonardo, de 48 anos, um dos fundadores do grupo.
Psicólogo de formação, ele deixou a carreira na saúde em 2015 para “tirar um ano sabático”. Foi durante esse período, no entanto, que acabou fisgado pela arte de rua: “Saí do social para esse lado mais artístico”.
Na época, Vander decidiu juntar suas paixões. O trabalho de artista se somou ao amor pelo carro, a kombi “Judite”, e o veículo de passeio acabou abrindo as portas para os espetáculos da trupe. Hoje, ele e os outros três artistas que participam do grupo fazem a kombi de camarim, palco e até cinema.
“É por isso que o projeto se chama Combuca. É justamente essa junção de possibilidades, de linguagens artísticas e de encontros”, explica.
O carro foi adaptado para as várias funcionalidades. Na parte de trás fica o camarim. Em cima, uma estrutura acomoda a tela usada nas sessões de cinema que o grupo promove. Já o palco é montado em uma das laterais da “Judite”.
A trupe faz espetáculos a céu aberto, interagindo com a paisagem do local e com as pessoas dos bairros onde se apresentam. As performances começaram em Mogi das Cruzes, município da Grande São Paulo onde os artistas moram, e durante esses sete anos já passaram por bairros periféricos de várias cidades do Estado de São Paulo.
Em 2021, o grupo, que é formado por dois palhaços, um malabarista e um acrobata, foi selecionado pela Lei Aldir Blanc, que destina recursos financeiros para o setor cultural. Com a ajuda do edital, a Combuca de Judite viajou por cidades como Ubatuba, Guararema e Bertioga, fazendo apresentações em comunidades caiçaras, zonas rurais e aldeias indígenas e quilombolas.
Durante as viagens, os artistas vão colecionando histórias. “É um espetáculo vivo, a gente não sabe o que vai acontecer. De dez apresentações, nenhuma é igual”, comenta Vander.
Ele conta que já viu um cachorro fazer xixi em um dos membros do grupo, crianças invadirem o palco e até um espectador oferecer um frango assado para um palhaço no meio da apresentação. “[O frango assado] a gente aceita de bom grato”, brinca.
O espetáculo principal do grupo faz uma sátira aos Jogos Olímpicos, com palhaçadas envolvendo a taça olímpica e números clássicos do circo. “A gente fala que é o maior evento do esporte cômico mundial”, finaliza o artista.
As datas das apresentações são divulgadas no perfil da trupe no Facebook.