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Moradoras de periferias ganham exposição em muros de SP

Rostos em preto e branco mostram mães, avós, donas de casa, domésticas, entre outras guerreiras de quebradas paulistanas

11 jun 2024 - 04h59
(atualizado às 06h16)
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Resumo
Instalação artística em muros de quatro comunidades, além da região da Cracolândia, no centro de São Paulo, retrata mulheres de periferia com mais de 50 anos, homenageadas por importantes contribuições à comunidade. Os closes em tamanho grande estão na Vila Nova Cachoeirinha, Paraisópolis, Butantã e Itaquera.
Mulheres cujos rostos compõem a exposição a céu aberto Míticax, em muros das periferias de São Paulo
Mulheres cujos rostos compõem a exposição a céu aberto Míticax, em muros das periferias de São Paulo
Foto: Divulgação

No vocabulário da periferia, “tiazinha” é uma maneira de identificar respeitáveis senhoras com anos de comunidade, história e luta. Cinquenta desses rostos reais estão aparecendo em muros de quatro quebradas, além do centro de São Paulo, com enormes fotos em preto e branco.

É a proposta da instalação Míticax, uma galeria a céu aberto, em muros, homenageando, com sequências de enormes closes fotográficos, mulheres de periferia com mais de 50 anos, reconhecidas pelas comunidades como moradoras históricas (veja vídeos das trajetórias individuais).

Em geral, não são lideranças institucionalizadas, mas pessoas que fazem corres importantes há décadas na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo, Paraisópolis (sul), Butantã (oeste) e Itaquera (leste), além região da Cracolândia, no centro.

As cinquenta mulheres que representam suas quebradas são mães, avós, trabalhadoras do lar, domésticas. Mulheres como Vanda do Renascença, de 75 anos, moradora da favela de Paraisópolis, a primeira presidente e proprietária de clube de futebol de várzea em São Paulo, e uma das primeiras do Brasil.

“Tinham que ser homenageadas com nomes de praças, ruas, avenidas. Se precisar, a gente consegue fazer o mapeamento de quem a comunidade gostaria de homenagear. Seria importantíssimo”, diz Michelle Serra, idealizadora da exposição em muros.

Artista, palestrante e produtora cultural atuando em periferias, Serra concedeu entrevista ao Visão do Corre.

A instalação tem origem no Museu de Arte de Rua, de 2022, certo?

Isso. A primeira edição foi no meu bairro, sou da Casa Verde. Nossa ideia era homenagear mulheres que fazem políticas públicas sem apoio político, invisibilizadas, sem recursos, construindo a periferia através do amor.

Michelle Serra, idealizadora da exposição Míticax e Selma Santos, pedagoga da zona norte, Vila Nova Cachoeirinha
Michelle Serra, idealizadora da exposição Míticax e Selma Santos, pedagoga da zona norte, Vila Nova Cachoeirinha
Foto: Divulgação

Como conseguiram encontrar e escolher cinquenta mulheres nas periferias?

Em cada bairro, temos uma produtora que cresceu e vive na comunidade. A pesquisa é no boca a boca, nas igrejas, nos bares, terreiros. Fomos encontrar e entender quem eram essas mulheres mais importantes e quais suas histórias. Durou de dois a três meses.

As escolhidas são as primeiras moradoras?

No geral, sim. Em Paraisópolis, das treze primeiras pessoas que ocuparam, onze foram mulheres, e dessas onze, quatro estão no projeto da exposição nas ruas. São extremamente importantes, apaixonadas pela favela, continuam na luta.

Apesar das trajetórias de vida semelhantes, qual a variedade de perfis?

Tem pastora, mãe de santo, mulher que entrega leite há vinte anos, produtoras de cultura. A ideia foi celebrar mulheres que a comunidade conhece, mas o restante de São Paulo não.

Tem professoras?

Algumas acessaram o topo da educação, conseguiram se formar e formar seus filhos. Professoras que estão dentro das comunidades trabalhando há vinte, trinta, quarenta anos. A gente não traz só liderança territorial, mas diversas personas, em diversos setores.

Apesar das dificuldades, o que fez essas mulheres felizes?

Isso foi uma das coisas que mais me chamou atenção: é o amor. O amor pela comunidade, além da fé, independente da religião. Você imagina uma mulher que está acordando todas as terças-feiras às quatro horas da manhã para distribuir mil saquinhos de leite, há vinte anos, sem ter férias, sem ser remunerada.

Não é sobre liderar chegar no topo sozinha?

Elas não fizeram só para elas, pensaram no coletivo, querem que outras pessoas tenham o mínimo, muitas vezes sem recurso, sem estrutura.

Fonte: Visão do Corre
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