Pela 1ª vez, Flip terá Casa da Favela, com foco na periferia
Literatura das quebradas está na programação oficial da Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, que começa hoje
Pela primeira vez em 21 edições, a Festa Literária Internacional de Paraty, Flip, abre espaço na programação oficial para representantes da cultura, da arte, da pesquisa e, sobretudo, da literatura produzida nas periferias, reunindo artistas, pensadoras e pensadores, shows, editoras e lançamento de livro. A programação vai de hoje, dia 22, até sábado, 25 de novembro.
A Casa da Favela é uma criação da Agência de Notícias das Favelas (ANF), primeira do ramo no mundo, fundada em 2001 pelo jornalista André Fernandes. Trata-se da realização de um sonho: promover as vozes periféricas na maior festa literária do país.
Segundo Fernandes, a Casa da Favela é um local de encontro, construção de pontes, ideias e projetos das periferias brasileiras. “Nós queremos levar a mesma iniciativa para todas as feiras literárias do país, fazendo o sonho acontecer, como fazemos com todos as nossas iniciativas.”
Edição especial de A Voz da Favela na Flip
O jornal A Voz da Favela, produzido pela Agência de Notícias das Favelas, existe há 13 anos. É uma ação de geração de renda. O exemplar “não tem preço estabelecido, mas um valor”, explica Fernandes. Quem adquire o jornal, dá quanto puder ou achar justo, como contribuição voluntária. Os valores arrecadados ficam integralmente com os distribuidores, sempre das periferias.
Durante a Flip, serão 20 mil exemplares da edição especial de A Voz da Favela, o maior tiragem de um impresso circulando no evento. O jornal destaca a poesia periférica de manos e minas de Paraty, além da programação da Casa da Favela, da Flip, lista de editoras parceiras, mapa da festa e outras informações.
Entre as matérias da edição especial, está a história do escritor Wesley Barbosa, da periferia paulistana, que vai lançar na Casa da Favela o livro O Rebento do Ódio, primeira produção da editora que ele fundou, a Barraco Editorial. Barbosa vem se destacando por vender milhares de obras pela internet e, principalmente, nas ruas, onde instala sua mesinha abarrotada de livros.
Destaques da Casa da Favela
Outro escritor da programação da Casa da Favela é Jessé Andarilho, cria da favela de Antares, no Rio de Janeiro. Entre outras façanhas, transformou um posto policial desativado em biblioteca comunitária. Idealizador do projeto Marginow, promove saraus, batalhas de rima e vídeos de poesia marginal. Seu mais recente livro é Cadu quer Brincar.
Itamar Silva também compõe a lista de convidados da Casa da Favela. Ativista e militante do Movimento das Favelas do Rio de Janeiro, é presidente da Associação Escola sem Muros – Grupo Eco, que atua na Favela de Santa Marta desde o final dos anos 70. É conselheiro do Dicionário de Favelas Marielle Franco e da Rede de Observatórios da Segurança. Também é membro da Universidade da Cidadania (UC/UFRJ).
Ainda entre os convidados está Fabiano Piuba, secretário de Formação Cultural, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (Minc). Professor, escritor e gestor cultural, é mestre em História e doutor em Educação.
Representantes da política compõem a extensa programação da Casa da Favela, como Jandira Feghali, deputada federal (PcdoB/RJ) e Dani Balbi, da comunidade Engenho da Rainha, entorno do Complexo do Alemão, primeira mulher transgênero, negra e filha de mãe solo a se tornar professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), assim como primeira deputada estadual com tal perfil.
Confira a programação completa da Casa da Favela na Flip aqui.