Perifacon 2024: conheça os bastidores e a montagem do evento
Uma semana antes da abertura, um batalhão de 500 pessoas, em dois turnos, começa a montar a festa geek e nerd periférica
A Fábrica de Cultura de Diadema viveu dias agitados com montagem de estandes, palcos, camarins, instalação de banners e placas – aliás, “testeiras” segundo os montadores. Os números da estrutura da Perifacon, em sua quarta edição, são grandiosos. Passa de 300 a quantidade de jornalistas credenciados, do Brasil inteiro. São gerados mais de 500 empregos diretos.
O agito da montagem da Perifacon na Fábrica de Cultura de Diadema começa na rua: guardas, viaturas de trânsito, cones e faixas de isolamento com a frágil fitinha plástica amarela e preta.
Poucos sabem se há estacionamento próximo, ou como comprar o tíquete da prefeitura para estacionar na rua – a via em frente à Fábrica de Cultura será fechada durante a Perifacon.
Eis o primeiro serviço desta reportagem. Segundo: comércios ao redor vendem o tíquete de estacionamento na rua, não precisa baixar o aplicativo.
Na entrada da Fábrica de Cultura de Diadema, o Visão do Corre é a primeira equipe de reportagem a se credenciar entre 316 jornalistas inscritos, do Brasil inteiro.
A montagem da Perifacon começa na segunda-feira antes do final de semana do evento. Envolve 250 trabalhadores em dois turnos, comendo as deliciosas marmitas do chefe Gustavo, preferido de Mano Brown. Sua equipe tem 15 pessoas.
Evento gera 500 empregos diretos
Os números da Perifacon estão todos na cabeça de Fernanda Cintra, diretora executiva. Conversamos no andar térreo da Fábrica de Cultura de Diadema, enquanto equipes trabalham ao redor. A maioria, gente preta e da quebrada.
Enquanto lista números e explica como tudo é montado, pessoas arrumam livros em mesas compridas, homens instalam placas, empilham caixas, empurram palets, esticam fios, falam em radinhos.
A Perifacon gera 500 empregos diretos. Nesta quarta edição, chegaram mais patrocinadores de peso, como o palco Vivo Easy, onde haverá shows e o disputado concurso de cosplay.
“Os parceiros identificaram a potência da nossa entrega e estão ajudando a oferecermos um evento cada vez melhor. As pessoas terão, na esquina de casa, uma experiência de qualidade”, diz Fernanda Cintra.
Estagiária surpresa e feliz
Além de 50 produtores e monitores que ficarão nas salas de palestras, a Perifacon conta com 70 voluntários. “A galera curte muito. Eu mesmo, se não tivesse trabalhando na assessoria do evento, faria de graça”, diz o jornalista que acompanha a reportagem.
A equipe fixa de comunicação e imprensa da Perifacon tem 36 profissionais entre editores, redatores, fotógrafos, social mídia e estagiários, como Giulia Cardoso de Oliveira.
Ela produz conteúdo para o portal Perifacon. “Eu nunca tinha participado de uma cobertura desse tamanho, está sendo bem desafiador e gratificante. O que mais me marcou foram algumas entrevistas que fiz com personalidades”, conta Giulia.
Limpeza, segurança, montagem
A equipe de limpeza tem 20 pessoas. Limpam vidros, varrem chão, passam pano molhado nos painéis de lona e organizam espaços como o Funk Arte. Nele, nove artistas, que fizeram quatro meses de residência patrocinados pela Perifacon, mostrarão seus trabalhos.
Emeli Carolina Francisco está fazendo limpeza. Trabalha com estética, faz cílios, unhas. Vem do Sacomã, “uma horinha de ônibus e metrô”, para fazer um bico. Sobre os temas da Perifacon, relacionados ao universo nerd e geek, “conheço, mas bem pouco”.
O segurança Roberto Carlos de Abreu conheceu. Está desatualizado, mas era “viciado” em videogame alguns anos atrás. Jogava com o filho. “Aquele da Lara Croft, o Tomb Raider, lembra? Era muito legal, fazia tudo, entrava em porta, saía, tinha segredo”.
“É testeira, não é placa”
As placas e banners da Perifacon estão sendo montados por três profissionais. “Vocês chamam de placa, mas é testeira”, avisa Edson Lima.
O trabalho consiste em montar as lonas impressas em estruturas de alumínio, com rebites. Fábio Mantovani explica que as testeiras são montadas no chão. Pontas, exigem malabarismos para serem fixadas no alto de palcos, estandes, barracas. Dois montadores ficam no alto das estruturas, e a peça é puxada por cordas.
Fábio Gardezani, outro montador de testeiras, conta que estão acostumados a eventos. E voltarão após o fim da Perifacon para recolher as peças.
O trio trabalha no pátio da Fábrica de Cultura de Diadema, mas, do lado de fora, quem se arrisca no alto de uma tenda, causando preocupação a um bombeiro, é Rogério Bispo, 51 anos.
Montador e professor de capoeira
O montador mora de Itapecerica da Serra. Ele trabalhou na terça-feira na Perifacon, esteve em Iguape, no litoral paulista, entre quarta e quinta, e voltou sexta-feira para Diadema.
Rogério Bispo era pedreiro, trabalha como montador há sete meses e está gostando. “É bom demais, um serviço bom de fazer, tem que usar a criatividade. Evento tem esse clima de festa”.
Sua última folga foi há 40 dias. Perguntado se gosta de algum tema da Perifacon, “gosto mais de rap”. Bispo é “das antigas”. Ouviu muito Ndee Naldinho, Pepeu, e, claro, Racionais.
Frequentou lendárias festas preto-periféricas como Chic Show, Black Mad, Palmeiras. Casado há 30 anos, tem sete filhos. “É a branca de neve e os sete anões, oito com a esposa”, brinca, antes de subir novamente a escada e retomar o trabalho.