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Por que amamos o Chaves?

Após quatro anos, Chaves e Chapolin voltarão à grade do SBT. Prime Vídeo negocia exibição no streaming

5 out 2024 - 10h57
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Resumo
Protagonista, um garoto órfão, e demais personagens do seriado, moradores de uma vilinha, são típicos das periferias latino-americanas. Seriados Chaves e Chapolin voltam a ser exibidos no Dia das Crianças, em 12 de outubro.
Chaves, sem pai nem mãe, mora num barril. Seriado humorístico tem momentos tocantes quando o abandono do protagonista é explicitado.
Chaves, sem pai nem mãe, mora num barril. Seriado humorístico tem momentos tocantes quando o abandono do protagonista é explicitado.
Foto: Divulgação

Lembro que, na sétima ou oitava série, uma professora ficou espantada ao saber que assistíamos Chaves. Era unanimidade na sala, mas ela não conhecia. Assistiu, e na aula seguinte disse que tinha achado uma porcaria. Ela usou outra palavra.

Desde então, penso nos motivos do sucesso do seriado mexicano. Aparentemente, Chaves tinha tudo para dar errado, a começar pela qualidade da imagem, meio escurecida, parece cada vez mais velha. Mas viraliza, bomba.

Apesar do humor, Chaves tem momentos realmente tocantes no que diz respeito à sua condição social. Quando fica sozinho em cena, abandonado, é de cortar o coração. Ele é órfão, mora em um barril, é chutado por todos os outros personagens.

Isso cria uma identificação profunda. Para não me estender em teorizações, a grande maioria da América Latina é pobre. No Brasil, quantos garotos abanados estão por aí? Não só nas ruas, mas sozinhos em casa enquanto as mães-solo trabalham.

Chaves representa nossos vizinhos e muitos de nós. Passa fome, vai mal na escola, ninguém lhe dá carinho. Não é fácil ser Chaves, ainda mais com os vizinhos que tem. Kiko é aquele moleque mimado que invariavelmente mora na vizinhança.

Quando ele empurra Chaves bradando gentalha – atenção! – trata-se de uma situação de violência que a mãe apoia e garante. Nhonho também é protegido pelo papai, Senhor Barriga, quando agride Chaves.

Bruxa do 71? Não suporta o Chaves. Senhor Madruga? Chega a bater no Chaves. E Chiquinha, sua melhor amiga, também não tem muita paciência com ele.

Em um mundo de extrema-direita crescente, a audiência de Chaves demonstra, de alguma forma, que ainda deve existir alguma humanidade em nós.

Seria ela suficiente para nos mobilizarmos em prol desses garotos que moram na rua, absolutamente carentes de tudo?

Fonte: Visão do Corre
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